Rafaela Gonçalves*
postado em 27/01/2020 19:12

Para o sócio e head de produtos da Monte Bravo Investimentos, Rodrigo Franchini, o mundo teme como o vírus pode atrapalhar o crescimento da economia chinesa, que deveria ter um início de ano mais forte. ;Entre o cenário de caos escalado, o investidor procura ativos de menos risco, saindo de mercados emergentes. É natural sentir essa consequência. Semana passada não sentimos tanto, mas agora com a OMS reiterando o risco de epidemia global vimos os mercados despencando ao redor do mundo;, explica. O analista também chama atenção para a alta do ouro com os principais ativos de risco sofrendo saída de capital.
As bolsas de valores de Xangai e Shenzhen permanecerão fechadas até a próxima segunda-feira (3/2). Autoridades chinesas prorrogaram o feriado do Ano Novo Lunar em três dias, enquanto tentam lidar com a crise e conter o contágio do vírus. A bolsa de valores de Hong Kong, que fica fora do âmbito da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC), irá retomar a atividade na quarta-feira (29/1). No entanto, foi cancelada a cerimônia do primeiro dia de negociação do ano, que não será realizada pela primeira vez em duas décadas em razão do surto.
O diretor de investimentos da Infinity Asset, André Pimentel, destaca o movimento de flight to quality, quando investidores vendem ações e buscam ativos mais seguros. ;Isso reflete na alta do dólar e das principais moedas. O Brasil, sobretudo, passa por uma realização com as altas robustas desde dezembro. O temor do vírus também refletiu na queda de diversas empresas com exposição ao mercado chinês, um conjunto que atinge em cheio as commodities;, avalia.
Os contratos futuros do petróleo também fecharam em baixa pela quinta sessão consecutiva, pressionados por temores de queda na demanda da commodity em meio à disseminação do novo coronavírus. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do WTI para março caiu 1,94%, a US$ 53,14 o barril. É o menor nível desde outubro de 2019. Já o contrato do Brent para o mesmo mês recuou 2,26%, a US$ 59,32 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
;O petróleo já vem sofrendo nas últimas semanas e adicionado a essa questão da China hoje se aproxima de uma queda de 2%, com recuo acumulado de quase 13% desde o início do ano. No entanto, esse cenário tem uma realização de lucros mais limitada a bolsa, com baixa perda do real e juros praticamente estáveis. Os olhares voltados para os juros no Brasil tem mudado com a inflação baixa;, diz Pimentel.
*Estagiária sob supervisão de Thays Martins