Economia

Ibovespa tem queda de mais de 3% por temor ao coronavírus

Em meio ao medo pela disseminação do vírus, o dólar comercial registrou alta, sendo cotado a R$ 4,21

Correio Braziliense
postado em 27/01/2020 19:12
Em meio ao medo pela disseminação do vírus, o dólar comercial registrou alta, sendo cotado a R$ 4,21O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), iniciou a semana com forte queda pelo temor dos investidores com a disseminação do coronavírus. O governo chinês informou que a doença atingiu mais de 2,7 mil pessoas e o número de mortos é de pelo menos 80. A Organização Mundial da Saúde (OMS) corrigiu a classificação do risco global de "moderado" para "elevado" e há grande preocupação sobre o impacto para a atividade mundial. Com isso, o índice registrou queda de 3,29%, a 114.481 pontos, maior queda em 10 meses. A moeda norte-americana também refletiu a apreensão, o dólar comercial registrou alta de 0,58%, cotado a R$ 4,21, maior valor em dois meses.

Para o sócio e head de produtos da Monte Bravo Investimentos, Rodrigo Franchini, o mundo teme como o vírus pode atrapalhar o crescimento da economia chinesa, que deveria ter um início de ano mais forte. “Entre o cenário de caos escalado, o investidor procura ativos de menos risco, saindo de mercados emergentes. É natural sentir essa consequência. Semana passada não sentimos tanto, mas agora com a OMS reiterando o risco de epidemia global vimos os mercados despencando ao redor do mundo”, explica. O analista também chama atenção para a alta do ouro com os principais ativos de risco sofrendo saída de capital. 

As bolsas de valores de Xangai e Shenzhen permanecerão fechadas até a próxima segunda-feira (3/2). Autoridades chinesas prorrogaram o feriado do Ano Novo Lunar em três dias, enquanto tentam lidar com a crise e conter o contágio do vírus. A bolsa de valores de Hong Kong, que fica fora do âmbito da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC), irá retomar a atividade na quarta-feira (29/1). No entanto, foi cancelada a cerimônia do primeiro dia de negociação do ano, que não será realizada pela primeira vez em duas décadas em razão do surto.

O diretor de investimentos da Infinity Asset, André Pimentel, destaca o movimento de flight to quality, quando investidores vendem ações e buscam ativos mais seguros. “Isso reflete na alta do dólar e das principais moedas. O Brasil, sobretudo, passa por uma realização com as altas robustas desde dezembro. O temor do vírus também refletiu na queda de diversas empresas com exposição ao mercado chinês, um conjunto que atinge em cheio as commodities”, avalia. 

Os contratos futuros do petróleo também fecharam em baixa pela quinta sessão consecutiva, pressionados por temores de queda na demanda da commodity em meio à disseminação do novo coronavírus. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do WTI para março caiu 1,94%, a US$ 53,14 o barril. É o menor nível desde outubro de 2019. Já o contrato do Brent para o mesmo mês recuou 2,26%, a US$ 59,32 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

“O petróleo já vem sofrendo nas últimas semanas  e adicionado a essa questão da China hoje se aproxima de uma queda de 2%, com recuo acumulado de quase 13%  desde o início do ano. No entanto, esse cenário tem uma realização de lucros mais limitada a bolsa, com baixa perda do real e juros praticamente estáveis. Os olhares voltados para os juros no Brasil tem mudado com a inflação baixa”, diz Pimentel. 
 
*Estagiária sob supervisão de Thays Martins  

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