Em um dia de forte nervosismo nos mercados globais, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), desabou 3,29% ontem, recuando para 114.482 pontos. Foi a maior queda desde 27 de março do ano passado. Com o resultado, o índice reverteu os ganhos de 2020 e passou a acumular retração de 1,01% no ano. Refletindo a apreensão dos investidores, o dólar subiu 0,60%, terminando o dia cotado a R$ 4,21. A tensão foi provocada pelas informações sobre a disseminação do coronavírus, que já afetou mais de 2.700 pessoas e matou pelo menos 80 na China, tendo sido detectado também em vários outros países. O temor de que a epidemia bloqueie o crescimento da economia chinesa e precipite o mundo em uma recessão fez os investidores fugirem de aplicações de risco.
Ontem, a Organização Mundial da Saúde (OMS) corrigiu a classificação do risco global de “moderado” para “elevado”. “Nesse cenário, o investidor procura ativos de menor risco, saindo de mercado emergentes”, explicou Rodrigo Franchini, da Monte Bravo Investimentos. No Brasil, apenas cinco das 74 ações que compõem o Ibovespa fecharam o dia em terreno positivo e seis papéis registraram quedas acima de 7%.
As perdas se amplificaram em setores como o de mineração, siderurgia, papel e celulose e frigoríficos, que têm grande exposição a vendas no exterior e à China. Somente Vale (baixa de 6,12%) e Petrobras perderam mais de R$ 34 bilhões em valor de mercado com a queda do valor das ações. No caso da estatal, o recuo, que alcançou 4,33% nos papéis preferenciais, refletiu também a baixa das cotações do petróleo no exterior, igualmente pressionadas pelo temor de queda na demanda pelo produto.
Num dia de perdas generalizadas, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, recuou 1,57%. Na Europa, o Euro Stoxx 50, que acompanha as principais ações dos mercados do continente, teve retração de 2,61%. As bolsas de valores chinesas permanecerão fechadas até a próxima segunda-feira. “No Brasil, a baixa também foi impulsionada por um movimento de realização de lucros, depois das altas robustas de dezembro”, lembrou o diretor de investimentos da Infinity Asset, André Pimentel.
*Estagiária sob supervisão e Odail Figueiredo
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