Apesar de terem reagido nesta quarta-feira (28/1), os mercados internacionais ainda não se recuperaram do impacto causado nos negócios pela epidemia de coronavírus. Segundo analistas, as bolsas de todo o mundo perderam cerca de US$ 1,52 trilhão em valor de mercado, até a última segunda-feira, devido à queda no valor das ações. No Brasil, a soma do valor das companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) caiu de R$ 4,756 trilhões para R$ 4,611 trilhões, uma diferença de R$ 145 bilhões, de acordo com levantamento da consultoria Economatica.
No pregão de ontem, as bolsas mundiais deram sinais de recuperação. O Ibovespa, principal índice da B3, que havia despencado 3,29% na véspera, registrou alta de 1,74%, chegando a 116.479 pontos. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, registou ganho de 0,65%. Já o dólar comercial sofreu leve descompressão, com recuo de 0,36%, cotado a R$ 4,194 fechamento — patamar estável, mas ainda seguindo a tendência de aversão ao risco. De acordo com operadores de mercado, os investidores se tranquilizaram com as medidas tomadas pelo governo chinês para tentar conter a proliferação do vírus. O resultado positivo também refletiu a fala do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em evento em São Paulo.
O presidente do BC disse que o Brasil tem perspectiva de crescer mais que os países vizinhos e que, apesar do choque dos preços da carne na inflação ter sido mais rápido e intenso que o esperado, deve se dissipar rapidamente — o que favorece a expectativa de manutenção dos juros baixos, ou mesmo de um novo corte da taxa básica, a Selic, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em fevereiro. Ele ainda destacou que o mundo deve apresentar crescimento econômico moderado daqui para a frente e que grande parte do crescimento global virá de países emergentes, especialmente os da Ásia.
Na China, além do fechamento da província de Hubei, o governo prolongou o feriado do ano-novo lunar na tentativa de conter a propagação do vírus. As empresas chinesas estão proibidas de retomar o trabalho até 10 de fevereiro. As bolsas de valores de Xangai e Shenzhen, por outro lado, voltarão a negociar na próxima segunda-feira. A de Hong Kong reabre nesta quarta-feira (29/1). Pequim também decidiu restringir viagens a Hong Kong e, embora ainda seja cedo para avaliar o impacto do vírus no país, investidores consideram que caso a situação não seja controlada, poderá comprometer o crescimento da economia mundial, após a assinatura da primeira fase do acordo comercial com os Estados Unidos.
Analista de investimentos da Par Mais, Davi Fernandes ainda vê com cautela a volta de investidores para a B3. “A alta de hoje (ontem) mostrou um mercado se acalmando do surto de coronavírus de ontem (segunda-feira). As medidas que vêm sendo tomadas pela China, como a imposição de barreiras à circulação de pessoas e o prolongamento do feriado mostram que há um esforço na tentativa de controlar a epidemia”, avaliou.
O economista Vitor Hugo Fonseca, da G2W Investimentos, considerou normal a recuperação da bolsa após a queda expressiva de segunda-feira. “A tendência é haver alta no dia seguinte, ainda mais com um mercado tão aquecido pelo fluxo de pessoas físicas, como a B3”, disse. Ele atribuiu a alta ao discurso do presidente do BC. “Mesmo sem deixar claro, a fala dele sobre a inflação controlada pode indicar espaço para novo corte de juros. E ele avaliou que a economia mundial, principalmente a europeia, que estava estagnada, deve se recuperar e favorecer países emergentes como o Brasil”, afirmou.
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