Correio Braziliense
postado em 30/01/2020 04:05
A renda dos latino-americanos está encolhendo. Há seis anos, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita registra queda média anual de 0,6%. O movimento é resultado do baixo crescimento da atividade econômica na América Latina e no Caribe, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que divulgou ontem relatório sobre as perspectivas econômicas para a área. No ano passado, o PIB per capita da região foi estimado em US$ 8.251. Em 2013, era de US$ 10.129. No Brasil, após atingir US$ 13.295 em 2011 (valor em dólares correntes), houve queda em todos os anos seguintes, com exceção de 2017. Para 2019, o fundo estimou para os brasileiros PIB per capita de US$ 8.796, recuo de 1,8% ante os US$ 8.958 do ano anterior.O diretor do Departamento para o Hemisfério Ocidental do FMI, Alejandro Werner, explicou que a economia da região ficou estagnada em 2019 por conta do pequeno nível de investimentos, dos preços comportados de commodities e das incertezas na gestão de políticas econômicas dos países. O fundo projetou crescimento do PIB de 1,6% em 2020 e 2,3% em 2021 na região. Para o Brasil, as projeções são de avanço de 2,2% neste ano e de 2,3%m no ano que vem.
Para o professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Ellery, não é nenhuma surpresa que a região tenha problemas sérios em países importantes. “Brasil, Argentina e México, que são as principais economias, não estão puxando o crescimento. A Venezuela atrapalha. O Chile, mesmo com desempenho melhor, está em crise”, explicou. Em relação ao Brasil, segundo o economista, a notícia é boa. “A estimativa de crescimento para a região está muito relacionada à retomada do Brasil, que tem um efeito na média”, avaliou.
Contraste
A queda média de 0,6% do PIB per capita entre 2014 e 2019 contrasta com a expansão média anual de 2% verificada entre os anos 2000 e 2013 na região. No entender de André Nassif, professor de Economia da Universidade Federal Fluminense, nos anos 2000, houve relevante crescimento real e per capita, por conta do boom de commodities. “Os preços altos impactaram positivamente economias concentradas em commodities agropecuárias, e também Brasil, México, Argentina e Colômbia, que produzem manufaturados de baixa tecnologia”, explicou.
Infelizmente, de acordo com o especialista, os governos dos países latino-americanos pouco fizeram para aproveitar o período de vacas gordas. “Não houve investimento em políticas industriais para promover uma mudança estrutural das economias. O resultado, praticamente entrando numa nova década, foi pouca tração no setor manufatureiro dos países”, disse. O baixo crescimento em 2019 foi reflexo de um cenário internacional adverso, com a guerra comercial entre China e Estados Unidos. “Isso está resolvido, e a expectativa de crescimento em 2020 melhorou para a região e o Brasil”, completou.
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