Economia

Desemprego é de 11,9% em 2019, a segunda queda anual seguida, para IBGE

No entanto, o país ainda conta com 12,6 milhões de desempregados

Correio Braziliense
postado em 31/01/2020 11:06
No entanto, o país ainda conta com 12,6 milhões de desempregadosO desemprego no Brasil caiu de 12,3%, em 2018, para 11,9%, em 2019, registrando a segunda queda anual consecutiva, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No entanto, o país ainda conta com 12,6 milhões de desempregados. Embora o número seja 1,7% menor que o do ano anterior, comparado a 2014, a quantidade de brasileiros sem trabalho quase dobrou, crescendo 87,7% em cinco anos.

Além disso, o trabalho informal é o maior em quatro anos, o contingente de desalentados não diminuiu, a quantidade de pessoas por conta própria e sem carteira assinada é a maior da série histórica. O rendimento dos trabalhadores não avançou; ficou estável em relação a 2018.

Segundo a pesquisa, a informalidade – soma dos trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar – representa 41,1% da população ocupada, ou 38,4 milhões de pessoas, a maior desde 2016, apesar da estabilidade em relação a 2018.

“Houve um aumento de 0,3 ponto percentual e um acréscimo de um milhão de pessoas”, avalia a analista da Pnad Contínua, Adriana Beringuy. Em 2019, 11,6 milhões de trabalhadores estavam sem carteira assinada no setor privado - exceto empregados domésticos –, expansão de 4% em relação a 2018 e o mais alto patamar da série histórica iniciada em 2012.

O número dos trabalhadores por conta própria também foi o mais robusto da série, subindo para 24,2 milhões, a maior parte (19,3 milhões), sem CNPJ, um acréscimo de 3,9 milhões de pessoas desde 2012. Na comparação com 2018, a expansão foi de 4,1% (958 mil).

Os dados, segundo o IBGE, mostram que apesar da ligeira melhora de trabalhadores com carteira assinada, expansão de 1,1% com mais 356 mil vagas, ela não foi acompanhada pelos indicadores de informalidade na passagem de 2018 para 2019.

Das 1,8 milhão de ocupações, 446 mil foram vagas sem carteira assinada; a maior parte, 958 mil, são trabalhadores por conta própria, dos quais 586 mil sem CNPJ. Já o número de empregados domésticos chegou a 6,3 milhões, estável em relação a 2018 (6,2 milhões).

O número de pessoas com carteira assinada caiu 3%, de 1,819 milhão para 1,764 milhão, enquanto os sem carteira assinada ficaram estáveis em 4,5 milhões. A quantidade de empregadores (4,4 milhões em 2019) ficou estável em relação a 2018, mas registrou alta de 24,5%, frente a 2012.

“Esse aumento se deu, principalmente, na faixa dos pequenos empregadores. Do total, 3,6 milhões tinham CNPJ, enquanto 832 mil não tinham esse registro em 2019”, diz Adriana Beringuy.

Outro indicador em destaque, segundo ela, é a população subutilizada na força de trabalho – pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas ou na força de trabalho potencial - que chegou a 27,6 milhões em 2019, o maior valor da série e 79,3% acima do menor patamar (15,4 milhões), apurado em 2014.


Setores de atividade

Entre os grupos de atividades, transporte, outros serviços, alojamentos e armazenamento, construção e serviços domésticos tiveram as menores participações na série. A construção, em 2019, reverteu o movimento de retração, totalizando 6,7 milhões de trabalhadores. A agricultura e a indústria ficaram estáveis com 8,5 milhões e 17,7 milhões de trabalhadores, respectivamente. As maiores expansões foram em transporte (4,6%), informação e comunicação (4,1%) e outros serviços (3,9%).

Após seguidas perdas anuais de vagas (2012-2018), a construção teve apenas leve recuperação de 0,5% (mais 37 mil ocupados). Frente a 2014, a queda foi de 13,8%, ou menos 1,1 milhão de trabalhadores. Na agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, em 2019, quando comparada a 2012, quando tinha 10,3 milhões de empregados, houve queda de 17,4% (menos 1,8 milhão).

A Indústria registrou, em 2019, cerca de 12 milhões de trabalhadores. Frente a 2012, houve redução de 1 milhão no contingente. Em relação a 2014, quando havia 13,2 milhões de trabalhadores, a queda foi ainda maior, de 1,2 milhão.

O setor de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas é um dos poucos que mantiveram certa estabilidade no contingente de trabalhadores. No setor de transporte, armazenagem e correio, em 2019, havia 4,9 milhões de trabalhadores, alta de 4,6% em relação a 2018 e de 18,4% na comparação com 2012. O setor cresceu nos últimos anos, devido, principalmente, à expansão do transporte terrestre de passageiros, destaca o IBGE.

Em alojamento e alimentação havia, em 2019, cerca de 5,5 milhões de trabalhadores, com alta de 3,7% em relação a 2018. Comparado a 2012, o crescimento foi de 43,6% (o maior de todas as atividades).

Esse avanço está associado, principalmente, à parte de serviços de alimentação, sobretudo, no trabalho ambulante, explica o IBGE. Informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas completou três anos seguidos de expansão, com 10,5 milhões em 2019. Em relação 2012, essa atividade cresceu 11,1%.

Na administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais, havia 16,4 milhões de trabalhadores em 2019, apontando crescimento de cerca de 1,9 milhão em relação a 2012 (13,2%) e 1,3 milhão (8,8%) em relação a 2014. Nos Outros serviços estavam inseridos, em 2019, cerca de 5 milhões de trabalhadores, equivalente a 30,9% acima do observado em 2012, e 19,9% acima do registrado em 2014.

Terceiro trimestre de 2019

No fechamento do último trimestre de 2019, a taxa de desocupação recuou para 11%, com uma redução de 883 mil pessoas - e somando um contingente de 11,6 milhões -, frente ao trimestre de julho a setembro de 2019, quando a desocupação foi estimada em 12,5 milhões de pessoas, ou 11,8%.

Essa é a menor taxa do trimestre terminando em dezembro, desde 2015, quando atingiu 8,9%. O período também registrou queda na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, quando a taxa foi estimada em 11,6%, uma redução de 520 mil pessoas desocupadas.

O maior destaque, de acordo com a Pnad Contínua, foi o aumento de 1,8% dos empregados no setor privado com carteira assinada, em relação ao trimestre anterior (33,7 milhões); enquanto o número de trabalhadores sem carteira assinada ficou estável, com 11,9 milhões. No confronto com o trimestre de outubro a dezembro de 2018, houve expansão de 2,2% nos trabalhadores com carteira (mais 726 mil pessoas); e de 3,2%, nos sem carteira (367 mil pessoas a mais).

“Houve um crescimento expressivo do emprego com carteira assinada, com expansão de 1,8%, o que não ocorria desde o início da série, em 2012. Mas, ainda que o crescimento no quarto trimestre seja um dos maiores da série, o quantitativo de 33,7 milhões, ainda é cerca de 3 milhões inferior ao recorde da série, em 2014, quando foram registrados 36,7 milhões”, destaca Adriana Beringuy. A taxa de informalidade ficou em 41% no quarto trimestre, um contingente de 38,4 milhões de pessoas. A categoria por conta própria, com 24,6 milhões, ficou estável no último trimestre. Na comparação com o mesmo perído de 2018, cresceu 3,3%, um adicional de 782 mil pessoas.

Os grupos de atividades com aumentos no contingente de ocupados na comparação com o trimestre anterior foram comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (2,1%, ou mais 376 mil pessoas); alojamento e alimentação (3,3%, ou mais 179 mil pessoas); e outros serviços (3,0%, ou mais 151 mil pessoas). Houve redução no grupamento de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (2,1%, ou menos 178 mil pessoas).

Na comparação com o trimestre de outubro a dezembro de 2018, houve aumento na indústria (3,3%, ou mais 388 mil pessoas); alojamento e alimentação (5,2%, mais 282 mil pessoas); e outros serviços (4,5%, mais 221 mil pessoas). Os demais não tiveram variação significativa. O rendimento médio real habitual (R$ 2.340) no trimestre outubro-novembro-dezembro ficou estável em ambas as comparações. A média anual (R$ 2.330) teve leve variação (0,4%) em relação a 2018. A massa de rendimento real habitual (R$ 216,3 bilhões) cresceu 1,9% em relação a julho-setembro. Frente ao mesmo trimestre de 2019, alta de 2,5%. A média anual (R$ 212,4 bilhões) subiu 2,5% em relação a 2018.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags