Economia

Investidor amarga perdas na Bolsa

Correio Braziliense
postado em 01/02/2020 04:13
O temor sobre os efeitos do coronavírus tem impactado fortemente os mercados de capitais, sobretudo o brasileiro. Desde 21 de janeiro, quando predominou o cenário de incerteza com o surto e houve a primeira queda expressiva de 1,5% no Ibovespa, o valor de mercado das empresas brasileiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) recuou de R$ 4,698 trilhões para R$ 4,649 trilhões, de acordo com dados da consultoria Economatica.

As empresas cujas ações mais se desvalorizaram foram aquelas que têm relação comercial mais próxima com a China — o Brasil é grande exportador de commodities para o mercado chinês, principalmente minério de ferro, soja e carne. Entre as maiores perdas, estão as de companhias da cadeia de produção de aço. Desde que o surto de coronavírus ganhou força, a empresa que mais perdeu valor de mercado, em valores absolutos, foi a Vale, com retração de R$ 23,213 bilhões.

Alex Agostini, analista da Austin Rating, destacou como principal efeito do cenário de nervosismo a perda de atividade para as exportadoras. “Deve demorar um pouco para mudar essa perspectiva, até que a situação esteja mais clara sobre os efeitos colaterais. Já identificamos no Brasil, nestas quatro primeiras semanas uma desaceleração, justamente pelo fato de a China estar perdendo fôlego de crescimento. A Vale se sobressai nesse cenário por ser uma das maiores exportadoras para o mercado chinês. Ela tende a sofrer um pouco mais”, avaliou, afirmando que todas as outras empresas também devem ter perdas nos próximos dias.

Para Agostini, ainda não há dados suficientes para mudar as projeções de crescimento do Brasil. “Por enquanto, estamos tratando o evento como passageiro, acreditando que as autoridades vão conseguir controlar o surto da doença em três meses, e que o episódio não afetará tanto a dinâmica macroeconômica para o PIB deste ano”, disse. “Mas, à medida que novos fatores surgirem, teremos uma visão mais clara. A princípio, ainda é prematuro”, acrescentou.

O nervosismo entre os investidores reforçou o movimento de retirada de capital estrangeiro do mercado acionário brasileiro. No ano passado, o volume de retiradas ficou em R$ 44,5 bilhões acima dos aportes na B3, superando até mesmo o fluxo negativo do auge da crise financeira de 2008. E o cenário não mudou neste ano. Até 28 de janeiro, mais de R$ 15 bilhões em investimentos deram adeus à bolsa paulista, que tem sido cada vez mais sustentada por investidores nacionais.

* Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo



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