Correio Braziliense
postado em 04/02/2020 04:07
A indústria amargou mais um ano de resultados negativos. Balanço divulgado ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) explica que, apesar das altas ensaiadas ao longo do período, o setor acabou 2019 com uma queda de 0,8% no faturamento, redução nas horas trabalhadas, diminuição do número de empregados e massa salarial menor.
De acordo com a CNI, cinco dos seis indicadores da indústria pioraram em relação aos números registrados em 2018. Com a queda do faturamento, as horas trabalhadas na produção foram reduzidas em 0,5%. E isso impactou diretamente a situação do emprego industrial: o setor cortou em 0,3% o número de empregados e ainda achatou em 1,5% rendimento real desses trabalhadores, o que diminuiu em 1,9% a massa salarial real da indústria.
O único indicador que teve resultado positivo foi o que mede o uso da capacidade instalada das fábricas. A redução da ociosidade, contudo, foi pequena: de 0,1%. Apenas 77,7% do parque industrial brasileiro está sendo usado hoje em dia. Os outros 22,3% seguem parados, à espera da recuperação da atividade econômica.
Economista da CNI, Marcelo Azevedo não indicou quais segmentos industriais foram mais afetados. Mas explicou que os números são o reflexo de uma série de fatores. Segundo ele, o aumento de demanda até ocorreu, mas não foi tão grande quando o esperado, já que a retomada da economia tem sido lenta. Não bastasse isso, o aumento de demanda foi, em boa parte, atendido por empresas estrangeiras, já que, diante do alto custo e da baixa competitividade do setor produtivo nacional, muitas vezes ainda é melhor importar do que encomendar um produto à indústria local.
Mercado externo
“O problema é que muito dessa demanda não está sendo atendida pela indústria nacional. E, por isso, não reflete na produção”, afirmou Azevedo. Ele acrescentou que o mercado externo também não ajudou, fazendo com que as exportações brasileiras caíssem em 2019 em decorrência de fatores como a crise da Argentina e a desaceleração da economia mundial.
Apesar disso, o economista da CNI não classifica 2019 como um ano perdido para a indústria. Ele diz que, mesmo sendo de apenas 0,1%, o aumento do uso da capacidade instalada é algo positivo. “Além disso, vimos que a saúde financeira das empresas melhorou e que o problema da demanda já não é tão grande. Então, começamos 2020 um pouco melhores”, alegou.
Por conta desse entendimento, a indústria tem boas expectativas para este ano: a projeção é de um PIB industrial de 2,8%, maior que o PIB brasileiro, estimado em 2,1%. Azevedo explica que a reforma tributária pode contribuir para a melhora da competitividade nacional e, por isso, pede que a agenda de reformas continue sendo a prioridade do governo e do Congresso em 2020.
Além disso, ele lembra a expectativa é de que a economia brasileira cresça mais neste ano, o que eleva a demanda por produtos industriais. “Esperamos que a atividade econômica melhore e que isso se reflita na geração de empregos do setor”, disse o economista. (MB)
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.