Economia

Filas continuam mesmo com a troca do presidente do INSS

O INSS afirma que é preciso que os sistemas eletrônicos da autarquia sejam adequados às regras estabelecidas pela reforma da Previdência

Correio Braziliense
postado em 07/02/2020 06:00
Augusto Nascimento teve de vir de Goiânia a Brasília para renovar cadastroMais de uma semana após a demissão de Renato Vieira da presidência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e a nomeação de Leonardo Rolim para o cargo, pouca coisa mudou na autarquia. A fila de espera pela concessão de benefícios— motivo principal da derrocada do antecessor — continua aumentando e os procedimentos para a ampliação do atendimento, como a convocação de militares da reserva, não foram colocados em prática.

Por meio de nota, o INSS informou que, “o Ministério da Economia está atuando de forma ostensiva e analisando medidas emergenciais para recompor a força de trabalho do INSS, a fim de assegurar a efetividade dos serviços prestados ao cidadão”. Quanto “à concessão das aposentadorias, a Dataprev trabalha para concluir as adaptações demandadas até meados de março”. É preciso que os sistemas eletrônicos da autarquia sejam adequados às regras estabelecidas pela reforma da Previdência, afirma o INSS.

O cadeirante Augusto Costa Nascimento, 54 anos, aposentado por invalidez, está com o pagamento do benefício suspenso desde 29 de janeiro. Ele teve que sair de Goiânia para Brasília somente para se recadastrar, porque passou mal, foi internado em um hospital na capital goiana e perdeu o prazo da prova de vida. “Há 23 anos, eu recebo o pagamento direitinho, mesmo depois que fui morar em Bonfinópolis (GO). Mas parece que agora tudo se tornou mais difícil”, explicou.

Augusto foi ao Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do local onde  mora atualmente, onde foi informado de que precisaria vir a Brasília, porque seu endereço, no cadastro da autarquia, era o da capital. “Tentei mudar o endereço e não consegui. Vim para cá e me disseram que o atendimento e somente das 7h às 13h. Não entendi por que não é até o final do expediente”, estranhou.

Luiz Carlos Xavier Dias, 26, açougueiro, sofreu um acidente de motocicleta, em 19 de janeiro. A perícia para que ele tenha direito ao auxílio do INSS estava marcada para ontem, mas foi adiada para a próxima semana. “Disseram que não tinha peritos suficientes hoje (ontem). Eles nem se esforçam para resolver nada. Não tem médico, e acabou o assunto”, reclamou Xavier.

Antônio Beraldo, 62, gesseiro, quer ir para a inatividade, após as fortes dores na coluna terem piorado nos últimos cinco anos. “Tentei me aposentar há dois anos, mas não tinha tempo de contribuição. Esperei, agendei tudo de novo e voltei hoje. Fiquei das 10h às 15h esperando aqui na W3 Sul. O médico me atendeu, mas nada ficou resolvido. Ele não me disse se vou ou não conseguir me aposentar. O resultado vai sair pela internet, às 9 da noite”, informou Beraldo.

Com o advento do INSS Digital, em 2018, os requerimentos passaram a ser feitos pelo segurado por meio da internet, “revelando uma fila que não era antes visível”, destacou a nota do instituto. “Desse processo, mais de 70% já foram finalizados. Destacando que, como explicado durante entrevista coletiva, esse estoque não foi gerado em razão da reforma da Previdência”. O segurado agendava o pedido e só a partir da data do agendamento passava a contar na estatística. A partir do mecanismo digital, a média mensal de requerimentos passou de 700 mil para 1 milhão por mês, segundo o órgão.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags