Economia

Inflação de janeiro é a baixa desde o início do Plano Real, diz IBGE

IPCA ficou em 0,21% no mês passado. Queda no preço da carne é um dos motivos para o índice

Correio Braziliense
postado em 07/02/2020 10:32

Queda no preço da carne ajudou a reduzir a inflação registrada em janeiroApós meses seguidos de alta, o preço da carne ficou mais barato em janeiro e impulsionou a desaceleração da inflação oficial no início deste ano. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 0,21% em janeiro, depois de registrar alta de 1,15% em dezembro do ano passado. É a menor taxa para o mês desde o início do Plano Real, em julho de 1994. Os dados foram divulgado hoje, (7/2), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

 

Em janeiro de 2019, a taxa havia ficado em 0,32%. O acumulado dos últimos doze meses foi a 4,19%, abaixo dos 4,31% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. No ano de 2019, setembro foi o único mês em que a inflação foi negativa, registrando -0,4%. A menor taxa positiva de inflação foi registrada em junho, quando o indicador alcançou a marca de 0,01%. 

 

Despesas

O preço da carne foi o maior contribuinte com a queda do IPCA, com impacto de -0,11% no índice do mês, o maior impacto negativo sobre o indicador. O grupo recuou 4,03% em janeiro, depois de uma alta de 18,06% no mês anterior. 

 

De acordo com o gerente do IBGE, Pedro Kislanov, nos últimos meses do ano passado, ocorreu uma alta muito grande no preço das carnes, devido às exportações para a China e alta do dólar que restringiram a oferta no mercado interno. “Agora, percebemos um recuo natural dos preços, na medida em que a produção vai se restabelecendo para atender ao mercado interno”, ressaltou em nota do IBGE.

 

A queda no preço das carnes influenciou a desaceleração na inflação do grupo alimentação e bebidas, cuja taxa recuou de 3,38% em dezembro para 0,39% em janeiro.

 

Saúde e cuidados pessoais  também contribuíram negativamente com o IPCA, com deflação de -0,32%. O fato ocorreu sobretudo por conta produtos para pele (-6,51%) e dos perfumes (-4,66%). 

 

Entre as 16 regiões pesquisadas pelo IBGE, três tiveram deflação: Rio Branco (-0,21%), São Luís (-0,19%) e Brasília (-0,12%). 

 

Altas

No lado das altas, os destaques foram o plano de saúde (0,60%) e os produtos farmacêuticos (0,33%). Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,48% em vestuário e a alta de 0,35% em despesas pessoais.

 

Segundo o IBGE, o resultado dos transportes teve o maior peso na nova cesta, puxado  pela gasolina (0,89%) e o etanol (2,59%). Os preços dos ônibus urbanos variaram 0,78%, devido aos reajustes nas tarifas em várias regiões. Já o maior impacto negativo (-0,05 p.p.) veio das passagens aéreas (-6,75%), que haviam apresentado alta de 15,62% no índice de dezembro.

 

Habitação teve destaque ao passar da marca de -0,82% em dezembro para 0,55% em janeiro. A taxa de artigos de residência também acelerou, de -0,48% para -0,07%.
 

Novo cálculo

Os novos hábitos de consumo dos brasileiros já estão refletidos no IPCA de janeiro. As mudanças no cálculo foram anunciadas pelo IBGE em outubro do ano passado, após os novos hábitos terem sido identificados pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018. A nova fórmula do IPCA possui 377 produtos e serviços, eis subitens a menos que a divulgada até 2019.

 

 

Ao todo, são 56 novos itens a serem considerados, como tratamento de pets e macarrão instantâneo. Por outro lado, itens como aparelhos de DVD, máquinas fotográficas, microondas, orelhões e liquidificadores, saíram do cálculo. 

 

De acordo com o IBGE, o que mudou de forma significativa foi o peso do grupo de transportes na composição do IPCA, pois o grupo ultrapassou a alimentação e bebidas no orçamento familiar do brasileiro. 

Baixas expectativas

Economistas das instituições financeiras, segundo a pesquisa Focus do Banco Central, projetam para 2020 um IPCA em 3,40%. O centro da  meta deste ano é 4%, um pouco menor que em 2019. Para cumprir o objetivo, a inflação deve oscilar de 2,5% a 5,5%. 

 

*Estagiária sob a supervisão de Humberto Rezende

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