Economia

Indústria eletrônica sofre impactos com novo coronavírus

De acordo com um estudo feito pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), 52% das empresas fabricantes de produtos do setor eletroeletrônico entrevistadas já apresentam problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos provenientes dos países asiáticos

O coronavírus deixou de ser apenas um problema humanitário e começou a impactar a indústria eletrônica mundial. A China, uma das maiores exportadoras de eletrônicos do mundo, está com dificuldades de enviar os insumos para outros países, em decorrência da paralisação de algumas fábricas por causa da epidemia do vírus.

O país é o principal fornecedor de componentes elétricos e eletrônicos do Brasil, totalizando US$ 7,5 bilhões em 2019, o que representa 42% do total. Os demais países da Ásia, responsáveis por 38% das importações, também sofrem as consequências da disseminação da doença. 

De acordo com um estudo feito pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), 52% das empresas fabricantes de produtos do setor eletroeletrônico entrevistados já apresentam problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos provenientes dos países asiáticos.

Mas há quem tenha se preparado para enfrentar a situação. A TEM - Indústria Eletrônica, localizada no Bairro Jardinópolis, em Belo Horizonte, se antecipou ao desabastecimento provocado pelo ano novo chinês, de acordo com Adriana Lima, gestora da empresa. Apesar disso, ela diz que não consegue prever o que vai acontecer no futuro.

A gestora conta que, mesmo no mercado interno, cerca de 90% dos materiais são produzidos na China. Além disso, a empresa importa cerca de 30% de itens derivados do país. "Quase tudo é produzido na China", afirma. 

Ainda segundo o levantamento da Abinee, caso essa situação persista, 22% das empresas pesquisadas sinalizaram eventuais paralisações na produção nas próximas semanas, haja vista a falta de materiais, componentes e insumos originários da China, o que dificulta a produção dos eletrônicos. 

Mesmo as empresas que não foram afetadas pela epidemia estão temerosos quanto ao abastecimento de componentes e insumos. Eles acreditam que caso a situação não se normalize nos próximos 20 dias, será muito difícil conseguir manter o mesmo ritmo de atividade industrial nos próximos meses.

Humberto Babato, presidente executivo da Abinnee diz estar preocupado com a situação.“Estamos muito preocupados com os impactos na produção do setor e continuamos avaliando a situação de perto”, afirmou.

Segundo Diógenes Meireles, diretor industrial da JFA Eletrônicos, localizada no Bairro Jardim Montanhês, na capital mineira, os impactos devem ser sentidos agora. "A gente já estava preparado para o feriado chinês, mas mesmo assim ficamos sem a matéria prima devido aos atrasos", diz. "Não vamos deixar de produzir, mas precisaremos remanejar para produzir outros produtos." 

Meireles explica que algumas fábricas na China já voltaram a produzir. "O que a gente imagina é que o atual cenário vai se normalizar. Algumas fábricas já voltaram a funcionar. Outras voltam no dia 10. Com isso, a indústria deve voltar à normalidade", conta. “O verdadeiro impacto será em abril, caso a China não volte a exportar. Matéria prima para março e fevereiro a gente tem. Não temos é para depois disso.”

Segundo a Comissão Nacional de Saúde, já são 636 mortos na China devido ao coronavírus. O vírus infectou 30 mil pessoas no país e se espalhou por outros 30 países no planeta. No Brasil, são nove os casos suspeitos do vírus em investigação, de acordo com o Ministério da Saúde. Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1), Rio Grande do Sul (3), Santa Catarina (1) e São Paulo (3).
 
*Estagiária está sob supervisão da subeditora Ellen Cristie