Economia

Impacto na economia da China pelo coronavírus deve elevar preços no Brasil

Parte do país asiático voltou a funcionar nesta segunda, ainda sob efeito da epidemia de coronavírus. Mas, com a produção industrial em ritmo lentíssimo, especialistas preveem que efeitos se sentirão em breve por aqui %u2014 sobretudo nos preços

Correio Braziliense
postado em 11/02/2020 06:00

Parte do país asiático voltou a funcionar nesta segunda, ainda sob efeito da epidemia de coronavírus. Mas, com a produção industrial em ritmo lentíssimo, especialistas preveem que efeitos se sentirão em breve por aqui %u2014 sobretudo nos preçosParte da China voltou a operar nesta segunda-feira (10/2), mas restam dúvidas sobre a reativação da segunda economia do planeta. Indústria e comércio estão reticentes em retomar produção e vendas com medo da disseminação de coronavírus. As províncias chinesas mais atingidas pela epidemia representam 65% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e concentram as fábricas de componentes eletrônicos e de peças automobilísticas. Montadoras globais anunciaram que vão parar a produção de veículos. No Brasil, os estoques de peças e equipamentos eletrônicos vindos da China devem durar, no máximo, 15 dias. Apesar de ainda não faltar produto no comércio, se o abastecimento não for normalizado, os preços podem subir.


Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional de Bens de Comércio, Serviços e Turismo (CNC), alerta para os efeitos da dependência direta da produção chinesa. “O efeito (do coronavírus na produção) ainda é pequeno. Mas, se chegar a faltar componente, pode refletir no preço dos produtos, porque a indústria terá de buscar outros fornecedores. Por enquanto, o que mais preocupa o varejista é o impacto do câmbio”.

Levantamento da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) apurou que 52% das indústrias pesquisadas apresentam problemas no recebimento de materiais, componentes e insumos provenientes da China, principalmente entre as fabricantes de produtos de Tecnologia da Informação. Conforme a sondagem, caso esta situação persista, 22% das empresas sinalizam eventuais paralisações na produção já nas próximas semanas.

 

Parte do país asiático voltou a funcionar nesta segunda, ainda sob efeito da epidemia de coronavírus. Mas, com a produção industrial em ritmo lentíssimo, especialistas preveem que efeitos se sentirão em breve por aqui %u2014 sobretudo nos preços 


Luiz Filipe Dutra, sócio do Gico, Hadmann & Dutra Advogados e coordenador do China Desk do escritório, explicou que algumas fábricas mantiveram as portas fechadas por causa da epidemia. “Foxconn não abriu (só recebeu autorização para operar uma unidade) e é fornecedora da Apple, Amazon, Dell. Isso afeta toda a cadeia, empresa de logística, navio, frete, e chega no varejo e no consumidor. Algumas montadoras anunciaram paralisação na produção. A Tesla, por exemplo, divulgou que vai atrasar uma semana e meia a entrega dos veículos”.

O receio com o coronavírus recrudesceu, segundo Vitor Hugo Fonseca, economista e consultor financeiro da G2W Investimentos. “O mercado se deu conta de que o impacto pode perdurar”, salientou. Segundo ele, o dólar segue se valorizando diante das principais moedas. “Principalmente as de países emergentes”.

Sem facilidade

O presidente Donald Trump diminuiu sua lista de nações em desenvolvimento e menos desenvolvidas, que inclui, entre outros, como Brasil, Índia e África do Sul. Representa dizer que ficou mais fácil para os EUA punirem estes e outras nações na lista — que inclui ainda Albânia, Argentina, Armênia, Bulgária, China, Colômbia, Costa Rica, Geórgia, Hong Kong, Indonésia, Cazaquistão, Quirguistão, Malásia, Moldova, Montenegro, Macedônia do Norte, Romênia, Cingapura, Coreia do Sul, Tailândia, Ucrânia, e Vietnã.

De agora em diante, os EUA poderão investigar se empresas americanas estão sendo prejudicadas com exportações subsidiadas injustamente. De acordo com Robert Lighthizer, representante de Washington para o comércio internacional, a mudança foi justificada com o fato de o governo Trump considerar a regra atual, de 1998, “obsoleta”. Reflete ainda o inconformismo da atual gestão com o tratamento diferenciado dado à China e à Índia pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

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