Revolução. É assim que o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (SindiTelebrasil), Marcos Ferrari, definiu a chegada do 5G no Brasil, em entrevista ao CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, nesta terça-feira (11/2). "Não é uma evolução comum da telefonia celular. É outro tipo de serviço. Quando evoluiu do 2G para 3G e do 3G para o 4G era só aumento de velocidade. Com o 5G não é só isso, é uma revolução total", explicou.
Ferrari ressaltou que a quinta geração de rede móvel deve impactar todos os aspectos do cotidiano, como a saúde, economia e educação. "Hoje em dia, muitos pacientes precisam ser deslocados de um município para o outro para fazer uma intervenção de alta complexidade. Esse deslocamento pode ser fatal. Com o 5G pode ser que ele não precise fazer esse deslocamento, pois pode ser atendido a distância por médicos altamente especializados, que fazem a intervenção justamente onde o paciente está", defendeu. Outro ponto de melhoria com o uso do 5G é a diminuição da latência, ou seja, a redução do tempo de resposta da internet.
Recentemente, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou o edital de licitação das faixas de radiofrequências que serão usadas na implementação do 5G no Brasil, que são as de 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. De acordo com Ferrari, o edital é apenas um dos pontos para a implementação do 5G no Brasil. Ainda é preciso resolver pontos relevantes para operação plena da rede, como a tributação e o direito de passagem na via pública.
O presidente não definiu uma data específica para que a rede esteja em funcionamento no país. "Nós não estamos atrasados, cada país tem uma dinâmica diferente. Olhando os demais países que já implantaram o 5G, estamos justamente no momento de discussão tal como tem ocorrido na economia mundial", afirmou.
Em relação ao custo do 5G, Ferrari explicou que há discrepância na margem de gastos de operadora para operadora, mas que devem se manter semelhantes ao que existem atualmente. A maior diferença, segundo ele, será na qualidade do investimento. "Com a nova lei que foi aprovada ano passado pelo Congresso e sancionada pelo governo federal, a gente vai deixar de investir em orelhão para investir em banda larga", disse.
Para Ferrari, a qualidade de investimento é garantida por meio da liberdade das operadoras de telefonia na escolha dos fornecedores de infraestrutura. Logo, ele considera que a guerra comercial entre Estados Unidos e China por conta da tecnologia do 5G é de responsabilidade do Estado. "Como setor empresarial, preferimos sempre que a liberdade econômica seja a regra do jogo. Queremos ter o maior número possível de escolha, para que a gente possa fazer um investimento de qualidade", analisou. Quanto à tecnologia chinesa Huawei, Ferrari afirmou que encaixam-se na posição de fornecedor de infraestrutura, assim como outras empresas do setor.
Percalços
Ferrari explicou que a quinta geração de internet móvel é acompanhada pela internet das coisas (IdC em português ou IoT em inglês), que promove a interconexão digital de objetos cotidianos com a internet. Segundo ele, deve haver uma redução tributária nos dispositivos de IdC, já que os tributos são superiores à receita das operadoras. "Se não houver essa redução tributária, o 5G é inviável no país para a aplicação de IoT. A receita que temos por cada dispositivo é R$ 12. O custo tributário é R$ 15, sem contar investimento, operação e manutenção. Ou seja, só o custo tributário que incide sobre ele torna inviável o IoT no país."
Outro ponto a ser considerado antes da implementação do 5G no país, segundo Ferrari, é a legislação de antenas, já que o 5G precisa de aproximadamente de 7 a 10 vezes mais equipamentos do que o 4G. "Se hoje nós temos 4 mil pedidos de antenas parados sem serem licenciados, quando vier o 5G isso vai para 28 mil pedidos parados", alegou. "Temos uma legislação municipal para antenas da época em que começou a telefonia celular, que era aquelas antenas grandes. Hoje a antena é do tamanho de uma caixa de sapato, até menor."
Confira a entrevista em vídeo
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*Estagiária sob a supervisão de Roberto Fonseca
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