Correio Braziliense
postado em 12/02/2020 04:26
Pelo segundo dia consecutivo, o dólar renovou a máxima histórica de fechamento. Ontem, a moeda norte-americana encerrou a sessão com alta de 0,1%, sendo vendida a R$ 4,325. No decorrer do dia, ela chegou a bater R$ 4,34, o que, até agora, é o maior patamar nominal já atingido durante as negociações. Em 2020, o dólar acumula valorização de 7,91%. Em contrapartida, a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) registrou a segunda maior alta do ano, ao subir 2,49%, fechando o pregão a 115.370 pontos.
O otimismo no mercado de ações refletiu a reação positiva das bolsas de diferentes países à previsão do principal conselheiro médico da China, Zhong Nanshan, de que a epidemia de coronavírus deve, em breve, se estabilizar, para em seguida entrar em desaceleração. O presidente da China, Xi Jinping, disse, ainda, que os fundamentos da economia local são fortes e que a epidemia terá impacto limitado.
Também contribuíram para a alta da B3 a recuperação no preço de commodities, os dados positivos de produção da Petrobras e da Vale, e a valorização de 2,3% dos papéis do Itaú Unibanco, após divulgação de que a instituição teve lucro de R$ 28,4 bilhões em 2019, alta de 10% sobre o ano anterior.
No câmbio, um dos fatores que influenciaram a valorização da moeda foi a afirmação do presidente do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, durante a apresentação, na Câmara, de que a economia norte-americana está “em ótima posição, com bom desempenho”.
Internamente, também teve papel preponderante a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada ontem. Alguns analistas entenderam que o BC, apesar de ter interrompido o processo de corte da taxa básica de juros, deixou a porta aberta para novos cortes. Essa visão, porém, não é consensual no mercado.
Incertezas
“O Copom sinalizou que a interrupção ocorreu devido às múltiplas incertezas”, explicou a economista Alessandra Ribeiro, sócia da Tendências Consultoria. “Há dúvidas sobre o ritmo de recuperação da economia. A sinalização do Copom é de que a Selic deverá ficar parada por um bom tempo, mas, depois disso, o movimento será de alta”, apostou.
A economista lembrou que o Copom citou na ata que existe uma dicotomia entre o mercado de trabalho, que cresce de forma lenta, e a produção de serviços e da indústria, que estão abaixo das expectativas. “Dá para perceber que há uma dúvida sobre o grau de ociosidade da economia. E a outra incerteza é sobre a velocidade da recuperação da atividade econômica”, afirmou.
Para Alessandra, “o BC chamou o mercado para olhar mais a inflação de 2021 (quando a meta de inflação será de 3,75%), porque a de 2020 foi antecipada no fim de 2019 com o choque das carnes. No fundo, ele vê a queda das expectativas para 2020 e quer focar mais em 2021 como balizador da política monetária”, explicou.
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