Correio Braziliense
postado em 12/02/2020 04:26
A participação da chinesa Huawei na construção da infraestrutura das redes de internet móvel de quinta geração, o chamado 5G, no Brasil pode afetar a cooperação militar entre Brasil e Estados Unidos. A afirmação foi feita ontem pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). O parlamentar disse que acompanha o debate sobre a Huawei de perto e argumentou que o assunto é delicado, porque a empresa “não é privada” e é orientada pelo governo chinês. “Para uma parceria militar com os Estados Unidos, como é que vão poder confiar (no compartilhamento de informações) se houver interferência da China?”, questionou.
Em entrevista ao CB.Poder, parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, o presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil), Marcos Ferrari, afirmou que a qualidade de investimento é garantida pela liberdade das operadoras de telefonia na escolha dos fornecedores de infraestrutura. A Huawei é uma das principais fornecedoras mundiais para tecnologia 5G.
Ferrari avaliou que a guerra comercial entre Estados Unidos e China por conta da tecnologia do 5G é de responsabilidade do Estado. “Na questão geopolítica, não interferimos. Do ponto de vista econômico, como setor empresarial, preferimos sempre que a liberdade econômica seja a regra do jogo. Queremos ter o maior número possível de escolhas, para que possamos fazer um investimento de qualidade”, analisou. Quanto à tecnologia da chinesa Huawei, Ferrari assinalou que se encaixa na posição de fornecedor de infraestrutura “assim como outras empresas”.
A questão da participação ou não da empresa chinesa não é o único entrave para a implementação do 5G no Brasil, explicou Ferrari. Na semana passada, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou a consulta pública do edital de licitação. No entanto, segundo ele, ainda é preciso resolver pontos relevantes para a operação plena da rede, como a tributação e o direito de passagem na via pública.
Outro entrave é a tributação sobre os dispositivos necessários à Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), que conectam os objetos. “Se não houver redução tributária, o 5G é inviável no país para a aplicação de IoT. A receita que temos por dispositivo é de R$ 12. O custo tributário é de R$ 15, sem contar investimento, operação e manutenção. Só o custo tributário torna inviável o IoT no país.”
A lei das antenas também precisa ser equacionada, já que o 5G precisa de sete a 10 vezes mais equipamentos do que o 4G. “Se, hoje, temos 4 mil pedidos de antenas à espera de licenciamento, quando vier o 5G, isso vai para 28 mil pedidos parados”, alegou. “A legislação municipal para antenas é da época que começou a telefonia celular, com equipamentos grandes. Hoje, são bem menores.” (Com SK)
*Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo
4 mil
Número de antenas à espera de licenciamento nos municípios brasileiros
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.