Economia

O sistema tributário brasileiro destrói empregos, diz presidente da Anfavea

Durante o Seminário de Abertura do ano de 2020, realizado em Brasília, empresários e autoridades discutem a urgência da reforma tributária para a competitividade do país

Correio Braziliense
postado em 12/02/2020 13:33
Durante o Seminário de Abertura do ano de 2020, realizado em Brasília, empresários e autoridades discutem a urgência da reforma tributária para a competitividade do paísO presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, diz que o Brasil corre o risco de a retomada da economia ser um “novo voo de galinha”, com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1% a 0,5% se o país não avançar nas reformas. A declaração foi feita nesta quarta-feira (12/2) durante o Seminário de Abertura do ano de 2020, realizado em Brasília. 

“Se fizermos uma retrospectiva, muita coisa aconteceu, reforma trabalhista e previdenciária, queda da taxa de juros. Pode parecer que está tudo bem, mas temos desafios enormes. Tem muita gente desempregada no país, são 100 milhões sem saneamento básico. Um absurdo no Brasil de 2020”, ressaltou. Para a Anfavea, a reforma tributária é prioridade.

“É impossível não atacar a reforma tributária. É necessária porque o sistema tributário brasileiro destrói empregos. Destrói oportunidade de crescimento, atrasa o país. Nosso setor paga de 37% a 43% na soma dos impostos. Nenhum país do mundo tem um sistema tão arcaico”, afirmou. Segundo ele, para calcular impostos é preciso um equipe de técnicos e advogados. “É desafiador, é um grande problema. Mas não podemos fugir, temos que encarar”, destacou.

Para o empresário, o setor industrial quer enfrentar o tema. “Sabemos das dificuldades e das restrições fiscais dos estados e do governo federal. A Anfavea criou um time e está trabalhando no detalhe. Estamos oferecendo ao Paulo Guedes o nosso simulador. Estamos indo no Congresso, não adianta só ficar reclamando, temos que apoiar a reforma.”

Moraes assinalou que não adianta o setor de serviços e o agronegócio dizerem que não vão participar da discussão. “Vão sim, porque a sociedade precisa. Temos muitos brasileiros desempregados e muitos investimentos para vir para o Brasil. No setor automotivo, podemos trazer muito mais tecnologia e inovações, que serão boas para o país”, disse.

Ineficiência

Edson Vismona, presidente do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, disse que só no âmbito da União são discutidos, nas instâncias administrativas e judiciais, R$ 3,4 trilhões. “Não conseguimos recuperar esses débitos tributários por ineficiência. Se tivermos criatividade poderemos receber pelo menos R$ 900 bilhões. Se somarmos esses débitos da União com os dos estados ultrapassa R$ 5 trilhões. Não há nada parecido no mundo”, alertou. Conforme Vismona, é preciso alterar a relação do fisco com o contribuinte. “A discussão começa multando e já agravando as penas. A relação tem de mudar para aumentar a competitividade da iniciativa privada. Começamos o ano legislativo com esperança, porque temos que avançar.”

O presidente do Movimento Brasil Competitivo, empresário Jorge Gerdau Johannpeter, disse que R$ 1,5 trilhão é a soma do custo Brasil que tira competitividade do país como diferencial frente à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). “São 12 setores, entre eles tributário, logística, jurídico, cada um com um peso”, afirmou. 

Na cadeia de aço, Gerdau disse que paga 7,4% de impostos cumulativos. “Tenho que adicionar no meu preço. Isso mostra um atraso estrutural inaceitável, com impacto na cadeia”, sustentou. Segundo ele, a discussão da reforma administrativa também é importante. “Pode reduzir o custo do governo com burocracia. Eu tenho 100 burocratas, porque atuo em todos os estados e o ICMS varia em cada um deles. No Canadá tenho um funcionário que trabalha 2 horas por semana. Nos Estados Unidos, não preciso de ninguém”, comparou.

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