Correio Braziliense
postado em 12/02/2020 14:56
O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira, disse que a estatal não terá fòlego para investir nos projetos necessários para aumentar a oferta de energia, previstos no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE), a menos que seja privatizada. No ano passado, a companhia investiu R$ 3,5 bilhões, mas seriam necessários R$ 15 bilhões por ano para manter sua participação de 30% em geração e 45% em transmissão. A declaração foi feita nesta quarta-feira (12/2) durante o Seminário de Abertura do Ano de 2020, realizado em Brasília.O PDE prevê mais de R$ 450 bilhões em investimentos até 2029 em geração e transmissão. “Com a participação da Eletrobras nesses mercados, a necessidade seria de R$ 15 bilhões ao ano. No ano passado, investimos R$ 3,5 milhões. Podemos até chegar a R$ 4 bilhões, mas não R$ 15 bilhões, por isso importância da privatização”, ressaltou.
Segundo Ferreira, a privatização da Eletrobras será por meio de capitalização. “Vamos fazer R$ 15 bilhões de aumento de capital. Fruto disso, o governo vai ter menos de 50%, seremos uma corporação como Embraer e Vale. As 20 maiores empresas do mundo são corporações, na área de energia 80% das maiores do mundo são assim”, explicou.
Para Eletrobras é fundamental fazer esse aumento, com diluição da participação do governo brasileiro, para poder fazer os investimentos necessários e participar dos leilões, sustentou o presidente da companhia. “Com isso terá valorização das ações. A empresa já teve valor de mercado de R$ 9 bilhões, hoje está em R$ 60 bilhões”, disse.
Um dos fatores que permitiu essa valorização, segundo Ferreira, foi a privatização das subsidiárias de distribuição da Eletrobras. “Eliminamos um enorme sorvedouros de recursos, reduzimos o quadro de pessoal, hoje são 12 mil empregados. A nossa dívida era 9 vezes a geração de caixa, baixamos para 2,5 vezes”, enumerou.
Ferreira explicou que, apesar de a Eletrobras ser o maior investidor do setor, com 30% da geração e 45% da transmissão, vem perdendo mercado ao longo de 20 anos. “Foi vitimada por obras mal planejadas. Quando assumi, há três anos, tínhamos mais de 110 obras atrasadas. Hoje, são duas”, disse. Conforme ele, a empresa entregou as usinas de Jirau, Santo Antônio, Sinop, a maior termelétrica em Manaus, e finalmente a Usina de Belo Monte.
O presidente da estatal também descartou completamente a possibilidade de o Brasil sofrer apagão, mesmo se a economia crescer mais rapidamente. “Isso só aconteceu uma vez no país, em 2001, e, de lá para cá, diversificamos muito a matriz energética. Gás natural, por conta do pré-sal, terá grande expansão”, afirmou. “Entregamos tudo que tinha pendente e o Brasil cresceu pouco, temos até uma sobra”, completou.
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