Economia

Especialistas moderam expectativa para expansão da economia

Setor que representa 60% do PIB tem crescimento de 1% em 2019, reforçando a percepção de que a atividade continua enfraquecida e que expansão da economia não deve passar de 2% neste ano

Correio Braziliense
postado em 14/02/2020 06:00
Segundo Fabio Bentes, da CNC, taxa de juros baixa é estímulo, mas o  país não tem muita margem para reduzir ainda mais a SelicCorrespondente a mais de 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do lado da oferta, o setor de serviços registrou alta de 1% em 2019, ante 2018, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Especialistas afirmam que esse resultado reduz as projeções para a economia em 2020, que deve crescer, no máximo, 2%. Os resultados dos setores industrial e varejista reforçam essa visão.

O volume de serviços registrou alta após três anos de baixa, entre 2015 e 2017, sendo que em 2018 ficou estável. De acordo com o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, o resultado de 2019 não foi suficiente para compensar as perdas nos quatro anos anteriores. “Entre 2015 e 2017, tivemos uma perda acumulada de 11%, então, essa alta é importante, mas ainda está longe de alcançar o melhor resultado no setor de serviços”, explicou. A expansão de 2019 foi puxada por quatro das cinco atividades pesquisadas, com taxas positivas em 55,4% dos 166 tipos de serviços investigados.

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) acredita que o setor registrará crescimento de 2,1% em 2020. Fábio Bentes, economista da instituição, declarou que a alta é viável mediante a manutenção da taxa básica de juros (Selic) no piso histórico — 4,25% ao ano. Segundo ele, mesmo que haja espaço para mais corte na Selic, países em desenvolvimento como o Brasil não podem reduzir mais os juros. “Se baixar a Selic para 3,5%, que é um cenário irreal, estaríamos pagando juros reais negativos. As economias em desenvolvimento não podem se dar esse luxo, pois não atraem capital investidor e, com isso, não aquecem a atividade econômica.”

Assim como os setores industrial e varejista, dezembro também foi um mês de baixa para os serviços, que caíram 0,4%, ante novembro. Na indústria, a queda foi de 0,7%, enquanto no varejo foi de 0,01%. Os números negativos confirmam a leitura de que a atividade econômica perdeu fôlego nos últimos meses do ano. O resultado de serviços no mês natalino foi o mais fraco para dezembro desde 2015, quando o setor encolheu 0,7%.

Segundo o economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV- Ibre) Rodolpho Tobler, havia expectativa do mercado de resultados maiores em dezembro, justificando crescimento do PIB de 2020 em 2,5%. No entanto, os números obtidos vieram mais fracos do que o esperado, sugerindo cautela na recuperação econômica deste ano. “O cenário que tem se desenhado nos últimos resultados é que o PIB deve vir menor do que o esperado nos últimos meses de 2019. As projeções que estavam mais próximas de 2,5% passaram para 2%”, ressaltou.

Analistas das instituições financeiras projetam alta do PIB de 2020 em 2,3%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Mas a tendência é de que 2020 registre PIB ainda menor. Várias instituições financeiras reduziram a projeção para 1,9%. A redução da expectativa ocorreu devido aos resultados da passagem de novembro para dezembro, que foram “decepcionantes”, já que dezembro é o mês das festas e do 13°. Entre 1980 e 2014, a média de crescimento era de 2,8% ao ano. Se em meados de fevereiro já se prevê que será menos de 2%, a recuperação da economia do Brasil está muito mais lenta do que o imaginado.

No acumulado anual, tanto a indústria quanto o varejo não obtiveram os resultados esperados em 2019. O setor industrial registrou queda de 1,1% no acumulado do ano passado, ante 2018. A baixa interrompeu dois anos seguidos de crescimento. Por outro lado, o setor varejista teve alta na mesma comparação, mas diminuiu o desempenho anual. O varejo cresceu 1,1%, em 2019, sendo que subiu 2,1%, em 2017 e 2,3%, em 2018.

*Estagiária sob a supervisão de Odail Figueiredo

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