Economia

Carrefour paga R$ 1,95 bi pelo Makro

Grupo francês anuncia aquisição de 30 lojas da rede holandesa no país e amplia presença no segmento de atacarejo, no qual atua com a marca Atacadão, com 186 unidades no país

Correio Braziliense
postado em 17/02/2020 04:33
Loja em Aracaju: negócio envolve unidades da bandeira fora de São Paulo, onde grupo SNV continua atuando

O Carrefour anunciou ontem a compra de 30 lojas da rede Makro, por R$ 1,95 bilhão. Com o negócio, a gigante francesa do setor de supermercados dá um salto na operação de atacarejo com a bandeira Atacadão e, somado com a abertura de 20 lojas prevista para 2020, ganha o equivalente a um ano e meio de faturamento numa tacada só, segundo o presidente do Grupo Carrefour, Noël Prioux. A rede vai transformar as lojas do Makro em unidades do Atacadão. Segundo comunicado divulgado ontem, as unidades adquiridas têm vendas brutas totais de aproximadamente R$ 2,8 bilhões, e os planos da varejista é de converter as bandeiras das unidades para Atacadão dentro de um período de 12 meses após o fechamento da transação.

"Essa transação é o movimento mais importante para o Grupo Carrefour no Brasil desde a compra do Atacadão em 2007", afirmou, em comunicado, Alexandre Bompard, presidente do Conselho de Administração e CEO do Grupo Carrefour. A negociação, que vai permitir maior atuação da rede no Rio de Janeiro, com sete lojas, e nos estados do Nordeste, com mais oito lojas, também envolveu a compra de 14 postos de combustível e de 22 imóveis. “Essa transação é um acelerador do crescimento do Carrefour no Brasil, estamos prontos para fazer a integração e agora é esperar a decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)", disse Prioux.

O grupo mantém o plano de investir R$ 2 bilhões este ano. A compra das lojas do Makro será alvo de captação extra no mercado na época em que for quitada a aquisição, após a aprovação no Cade, explicou ao Sébastien Durchon, CFO do Grupo Carrefour Brasil. Com a implantação do modelo de operação nas lojas convertidas, essas unidades devem ter aumento de até 60% no faturamento, segundo Prioux. Dos R$ 62 bilhões que o Carrefour faturou no ano passado, R$ 42 bilhões vieram dessa bandeira. O faturamento nesse segmento deve crescer R$ 2,8 bilhões com o novo investimento e o grupo vai aumentar de 187 para 217 as lojas Atacadão. “Com essa aquisição, o Atacadão vai fortalecer sua presença geográfica e consolidar ainda mais sua presença nacional. Essa aquisição, juntamente com nosso ritmo de crescimento orgânico, com 20 lojas Atacadão abertas em 2019, vai representar uma aceleração equivalente a um ano e meio de expansão, marcando um importante passo para o Grupo Carrefour Brasil”, destacou Prioux.



Foco em SP

O Makro, de propriedade do grupo holandês SHV, não vai sair do país. O objetivo, segundo Roger Laughlin, presidente da companhia, é focar as operações da marca em São Paulo, mantendo 24 pontos de venda no estado. Com a venda das 30 unidades para o Carrefour — todas fora de São Paulo —, o total de unidades do Makro cai para 38. Laughlin afirmou que a companhia ainda negocia a venda de mais 14 unidades para outras redes de varejo. Já o Carrefour Brasil terminou 2019 com 692 lojas no país, das quais 186 são do Atacadão.

Com o dinheiro do negócio, o Makro pretende modernizar as lojas de São Paulo, especialmente no que diz respeito à oferta de perecíveis. “É um novo negócio, praticamente um modelo de atacarejo”, disse o executivo. “Temos massa crítica em São Paulo, e um bom market share (participação de mercado) relativo. Por isso vamos focar as nossas operações aqui.”

Junto com a transformação das 24 lojas que continuarão com a marca Makro, a SHV pretende também acelerar a estratégia de atendimento personalizado ao mercado de alimentação fora do lar, o chamado food service. Além disso, a companhia diz que poderá abrir lojas menores, de cerca de um quarto do tamanho atual, cuja média é de 8 mil metros quadrados.

Das 30 unidades vendidas ao Carrefour, 22 eram de propriedade do Makro, enquanto oito eram alugadas. A rede teria intenção de aproveitar pelo menos parte dos funcionários das lojas vendidas nas operações do Atacadão.

Além de estar presente no Brasil, o grupo SHV tem operações com a bandeira Makro na Argentina, no Peru, na Colômbia e na Venezuela. Nesses países, de acordo com o presidente do Makro, a participação de mercado da marca é mais relevante do que no Brasil. Apesar de ainda estar presente na região, a SHV se desfez da operação na Europa há mais de 20 anos. Hoje, a marca é administrada pela rede alemã Metro no continente.

Com faturamento de cerca de R$ 7 bilhões, o Makro vinha organizando sua operação há alguns anos para uma venda. A companhia fechou lojas nos últimos anos e também modificou sua operação, antes voltada apenas a atacadistas, para aceitar cartões de crédito e débito, atendendo o público geral.


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