Economia

Coronavírus e crise na Apple derrubam a bolsa de valores no Brasil

Segundo o professor de economia do Ibmec Frederico Gomes, o mercado tinha o sentimento de que o pior do coronavírus já havia passado, mas a revisão da Apple mostrou que a incerteza ainda é grande

Correio Braziliense
postado em 19/02/2020 06:00
Loja da empresa em Xangai: produção menor por falta de componentesO coronavírus voltou a impactar o comportamento do mercado financeiro. O dólar foi novamente pressionado pelos temores das consequências econômicas da epidemia na economia global e alcançou, nesta terça-feira (18/2), nova máxima histórica. A divisa subiu 0,71% e fechou cotada a R$ 4,36 para venda. O comportamento da moeda foi influenciado também por declarações de autoridades, como o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que o governo vê com tranquilidade a subida da taxa de câmbio.  Na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), o Ibovespa, principal indicador dos negócios, chegou a registrar baixa de 1,54% ao longo do pregão, mas recuperou-se no fim a da tarde e terminou o dia com recuo de 0,29%, aos 114.977 pontos.

O principal fator que afetou os mercados, nesta terça-feira (18/2), foi o anúncio da gigante de tecnologia Apple de que não vai atingir a receita prevista para o primeiro trimestre devido à suspensão de atividades de fornecedores na China por conta das medidas de combate à propagação do vírus. A empresa tem, ainda, a maioria de suas 42 lojas no país asiático fechada. Mesmo com algumas unidades produtivas reabertas, as atividades estão sendo retomadas em um ritmo mais lento que o esperado e o fornecimento mundial de peças para iPhones será afetado.

Segundo o professor de economia do Ibmec Frederico Gomes, o mercado tinha o sentimento de que o pior do coronavírus já havia passado, mas a revisão da Apple mostrou que a incerteza ainda é grande. “A velocidade de contágio vem desacelerando, mas aí vem essa revisão e se vê que isso está impactando a economia — e pode ser que a coisa venha a piorar. Os sinais são de crescimento menor da economia global e, nessa questão, o Brasil pode ser fortemente afetado. Todas as moedas, de países emergentes principalmente, vem se desvalorizando em relação ao dólar com a procura por locais mais seguros”, avaliou.

Contribuiu ainda para o pessimismo o índice de expectativas econômicas da Alemanha, que caiu de 26,7 pontos, em janeiro, para 8,7 pontos em fevereiro. Segundo a pesquisa divulgada ontem pelo instituto alemão ZEW, o resultado ficou bem abaixo da expectativa de analistas, que previam queda mais contida do indicador, para 21 pontos. O resultado veio após dados que mostraram, na semana passada, que a economia da zona do euro desacelerou no fim de 2019 e que a Alemanha ficou estagnada diante de uma queda das exportações e da baixa atividade industrial.

O analista da Toro Investimentos Pedro Nieman destaca que o mercado está atento aos dados econômicos globais. “Estamos começando uma temporada de balanços e pode ser que outras economias sejam prejudicadas pelos efeitos do coronavírus. É preciso prestar atenção nas prévias de PIB, questões industriais e manufatureiras dos países, para ver como serão afetados a longo ou mais curto prazo. Temos o vírus dentro de um certo controle, mas é algo que ainda vai repercutir e preocupa os investidores, tanto que os principais índices globais estão caindo e o dólar se fortalecendo com a aversão ao risco”, disse.

*Estagiária sob supervisão de Odail Figueiredo

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