Imóvel poderá garantir mais de um empréstimo

Correio Braziliense

postado em 19/02/2020 04:05

O Banco Central quer aproveitar os juros baixos e a inflação controlada, apesar do dólar alto, para ampliar a oferta de crédito no Brasil. Por isso, prepara uma série de medidas que podem estimular a concessão e reduzir as taxas dos financiamentos privados. Uma dessas medidas já tem até nome, contrato guarda-chuva, e permitirá que os brasileiros usem a casa própria como garantia de mais de um empréstimo.

“”Tem regras para sair, para incentivar a competição e estimular que as pessoas possam usar seu imóvel como garantia para estimular o crédito”, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na Câmara dos Deputados, ontem. Ele explicou que há um estoque de capital muito grande parado nos imóveis residenciais dos brasileiros. “Os imóveis residenciais hoje valem R$ 12,7 trilhões. Mas o volume de financiamento imobiliário ainda é muito baixo”, observou, dizendo que, com as regras atuais,   os brasileiros não podem “extrair valor” das parcelas que já pagaram da casa própria.

A ideia é usar esse capital como garantia de empréstimos para ampliar o estoque de crédito e, ainda, reduzir os juros dessas operações. “Poder usar o mesmo imóvel para fazer operações diferentes, como é feito em vários lugares do mundo. Você pode estar, por exemplo, com 95% do imóvel pago e querer fazer um empréstimo de 6% desse valor”, exemplificou. Campos Neto não disse quando a nova pode ser publicada.

Cooperativas

O BC ainda quer estimular a ampliação das cooperativas de crédito no Brasil, já que elas atendem o público de baixa renda que, muitas vezes, é desprezado pelos grandes bancos. A meta do BC é ampliar a participação das cooperativas do mercado de crédito dos atuais 9% para 20% até 2022, como já acontece em outros países.

Por isso, já está em estudo uma possível revisão da lei que rege essa modalidade de crédito, a Lei Complementar nº 130, que já tem 10 anos. Presidente da Frente Parlamentar do Cooperativismo, o deputado Evair Melo (PV-ES) disse que o plano é fortalecer o setor, ampliar a concorrência e estimular a inovação digital das cooperativas. O assunto será discutido com os deputados da frente depois do carnaval. “Vamos tentar construir uma proposta”, disse. (MB)