Correio Braziliense
postado em 19/02/2020 13:42
O Fundo Monetário Internacional (FMI) avalia que a recuperação projetada para a economia global em 2020 - com alta de 3,3%, de 2,9% em 2019 - é frágil e dominada por riscos baixistas, entre eles o surto de coronavÃrus que atinge a China e deve impactar outros paÃses. A informação consta em um relatório produzido pela entidade para a reunião dos lÃderes das economias do G-20, marcada para os dias 22 e 23 de fevereiro.
De acordo com o documento, o cenário de aceleração do crescimento global considera que o avanço do coronavÃrus será "contido rapidamente", mas uma demora em resolver o problema poderia intensificar as quebras de cadeias de suprimentos e afundar a confiança global.
Mesmo no cenário base, a equipe do FMI considera "provável" que a desaceleração da atividade chinesa impacte outras economias por meio de efeitos em preços de commodities e de redução de demanda, que deve impedir que os setores de tecnologia e automóveis contribuam com o crescimento global.
"A recuperação de curto prazo também poderia ser prejudicada por novas decepções com economias anteriormente estressadas ou com desempenho abaixo do esperado ou por uma alta acentuada nos prêmios de risco, causada, por exemplo, por ataques cibernéticos, uma escalada em tensões geopolÃticas no Oriente Médio ou por uma quebra nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China", diz a equipe do FMI.
O documento cita riscos de reescalonamento das tensões comerciais entre os paÃses, apesar da assinatura da fase 1 do acordo comercial. A redução da incerteza exigiria que o acordo fosse complementado por esforços coletivos para reformar o sistema de comércio multilateral, diz o texto.
"O acordo não reverte o conjunto completo de tarifas recentemente impostas, falha em resolver de maneira duradoura a incerteza acerca do futuro relacionamento entre os paÃses e contém distorções de comércio administrado. Desta forma, restrições comerciais e uma contÃnua incerteza acerca da polÃtica de comércio continuam servindo como entrave ao investimento e sentimento", avalia o FMI.
A equipe da instituição considera que o ciclo de afrouxamento monetário e fiscal em algumas economias ajudou a impedir uma desaceleração mais intensa da atividade global e continua a dar suporte ao crescimento e avalia que, para garantir a recuperação, seria necessário manter as taxas em patamares estimulativos por algum tempo.
"Onde houver espaço, os formuladores de polÃticas devem aproveitar as baixas taxas para fazer investimentos na produção e aumentar o crescimento potencial. No entanto, as taxas baixas por muito tempo (low-for-long) também levaram a uma acentuação continuada em vulnerabilidades, intensificando a necessidade de prudência nas polÃticas macro e microeconômicas", diz a entidade.
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