Correio Braziliense
postado em 20/02/2020 15:12
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou, nesta quinta-feira (20/2), que a companhia está preparada para enfrentar uma longa greve sem que haja risco de desabastecimento. Durante coletiva de imprensa para comentar os resultados de 2019, o maior lucro da história da companhia, de mais de R$ 40 bilhões líquidos, Castello Branco destacou que o plano de contingência funciona muito bem, mas lamentou que um aposentado que foi chamado de volta à ativa tenha sido hostilizado em sua casa.“Um funcionário foi assediado, porque decidiu voltar à ativa. Um ataque covarde de radicais, que não admitimos. Oferecemos proteção a ele e a sua família. O Brasil é uma democracia, isso significa que a liberdade de escolha tem de ser respeitada”, declarou, ao fim da entrevista.
O diretor de Relacionamento Institucional da Petrobras, Roberto Ardenghy, explicou que, no momento que a greve foi anunciada, a empresa colocou em ação os planos de contingência. “Se , mostraram bem-sucedidos. Mantivemos os níveis de produção, na área de transporte e refino, e mantivemos o mercado abastecido. Os planos funcionaram”, ressaltou.
Negociação
Ardenghy destacou que a empresa participará da audiência pública de conciliação marcada para amanhã, em Brasília, pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST). “A pré-condição para a audiência foi o retorno imediato de todos os funcionários. Estamos coletando informações de nossas unidades onde houve paralisação para ver se todos retornaram ao trabalho”, disse.
O diretor disse que a Petrobras tem uma expectativa positiva sobre a conciliação do TST. “Para os funcionários da Ansa (Araucária Nitrogenados SA, no Paraná, empresa fechada pela companhia e cuja demissão em massa provocou a greve) oferecemos um pacote bem competitivo em termos de desligamento”, explicou. “Remuneração reforçada, programa de requalificação, assistência médica por dois anos. Por isso, não esperamos retorno da greve”, afirmou.
Se a negociação falhar, contudo, Ardenghy assinalou que a empresa retomará o plano de contingência, “sem impacto na produção e sem justificativa para aumento de preço”. O presidente da Petrobras destacou que não há relação da greve com o recente aumento do preço da gasolina. “Isso foi por conta dos preços internacionais, convertidos em reais, não tem nada a ver com a greve”, justificou. Sobre risco de desabastecimento, Castello Branco comentou: “não houve perda de uma gota”. Além disso, complementou, “temos estoques, existem importadores e o mercado é aberto.”
A Ansa foi comprada pela Petrobras em 2013. “Funciona como um relógio suíço. Todo ano dá prejuízo. Tentamos vender e o único interessado, um grupo russo, desistiu em novembro do ano passado. Diante da falta de alternativa, decidimos fechar e demitir”, justificou.
Os petroleiros grevistas alegam que houve demissão em massa, o que o acordo coletivo não permite, porque a Ansa, também chamada Fábrica de Fertilizantes e Nitrogenados (Fafen), tem 1 mil trabalhadores. “Da Petrobras, são 396 empregados, o restante é de terceirizados, que fornecem mão de obra, os empregadores são outros e podem não demitir. Como parte do pacote, para amenizar os efeitos sobre a comunidade, a companhia está oferecendo mil vagas de treinamento no Senai, para se requalificar de graça”, completou Castello Branco.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.