Economia

Petrobras contribui com R$ 246 bi para o Brasil, diz presidente da estatal

Segundo Roberto Castello Branco, por meio de impostos e royalties, companhia garantiu aos governos valor seis vezes o lucro líquido da empresa, de R$ 40,1 bilhões no ano passado

Ao comentar o lucro recorde da Petrobras em 2019, de R$ 40,1 bilhões líquidos, o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, disse que a contribuição da companhia para o Brasil foi de um valor seis vezes maior. “A Petrobras é o maior contribuinte do país, de longe. No ano passado, foram R$ 246 bilhões para os governos. Se a Petrobras for dirigida de forma responsável contribui para a sociedade, porque esse montante vai financiar educação, investimento em saneamento básico, segurança pública, saúde, todos os fins que o Estado deve dar”, destacou nesta quinta-feira (20/2) durante coletiva para comentar os resultados financeiros. 

Castello Branco disse que a empresa investiu US$ 27 bilhões. “Criamos valor para o país. Isso gera emprego. A nossa função é dirigir a companhia de maneira responsável e eficiente. Quem, no Brasil, investiu US$ 27 bilhões em um ano?”, indagou.

O presidente da empresa garantiu que o Coronavírus não afetou a Petrobras. “Coronavírus é choque de demanda e de oferta, porque as fábricas estão fechadas na China. Normalmente se espera que o choque dure um trimestre para depois arrefecer até se reduzir significamente e a atividade econômica voltar”, avaliou. Segundo ele, no primeiro trimestre de 2020, China e o mundo crescerão menos. “No segundo trimestre vai se acomodar e no seguinte haverá recuperação”, estimou.

A China é grande importadora de commodities e sempre será mercado importante para a Petrobras, reconheceu Castello Branco. “Mas não podemos ficar dependentes de um único mercado. Por isso, a área de refino tem procurado melhorar seus esforços de exportação, marketing dos produtos, para oferecer nossos óleos mais valorizados no mercado internacional. O combustível marítimo tem sido vendido com spread bem bom”, comentou.

Nem mesmo a epidemia afetou as exportações da estatal, segundo Castello Branco. “Janeiro foi mês recorde de exportações, fevereiro, até onde sei, não houve redução significativa. Está indo bem”, disse. Ele admitiu, no entanto, que o coronavírus, apesar de não ter afetado a quantidade, teve impacto no preço do petróleo. “Isso vai se refletir no resultado do primeiro trimestre de 2020.”

Anelise Lara, diretora executiva de Refino e Gás Natural da petroleira, explicou que a China reduziu sua importação em 3 milhões de barris por dia. “Isso é mais do que produzimos no Brasil. Avançamos bastante na China e a Petrobras tem tancagem lá. Acredito que a exportação para lá vai se recuperar e continuar forte. Também estamos negociando com o mercado indiano, que também que interesse no nosso óleo com baixo teor de enxofre”, afirmou.

Questionado, o presidente da Petrobras não antecipou nada sobre a oferta de ações (IPO) da BR Distribuidora. “Teremos novidades na próxima semana”, disse apenas. Sobre a mudança no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis, discutida pelo governo, Castello Branco também foi evasivo. “A Petrobras é uma empresa, não fazemos políticas políticas, nosso papel é vender combustíveis nas refinarias e seguimos a paridade de preços internacionais”, rebateu.

Dívida

A dívida da Petrobras segue alarmante: US$ 87 bilhões. “A dificuldade de diminuir a dívida é porque ela ficou gigantesca. No ano passado, pagamos US$ 24 bilhões. Mas decidimos aumentar os investimentos”, justificou. Segundo ele, a estatal investia pouco, cerca de US$ 500 milhões em produção de petróleo e elevou para US$ 2,5 bilhões anuais. “Precisamos manter o ritmo de produção para garantir o futuro da companhia. Nosso desafio é reduzir a dívida com melhora da empresa. É difícil”, assinalou.

Em 2019, a empresa investiu US$ 27 bilhões e os desinvestimentos somaram US$ 16,2 bilhões. “Se não tivéssemos desinvestido não teríamos dinheiro para para disputar o leilão da cessão onerosa. Estamos escolhendo os melhores ativos. Não é downsize (diminuir), mas smartsize (ficando com um tamanho inteligente)”, analisou.

Castello Branco acrescentou que acredita em vender a participação da Petrobras na Brasken até o fim deste ano. “Tratamos com a Odebrecht e a ideia é transformar as ações preferenciais em ordinárias, com direito a voto, listar no novo mercado e usar o mercado de capitais para sair da empresa”, disse.