Economia

Mercado avalia que coronavírus pode derrubar PIB brasileiro no 1º trimestre

Se a China continuar parada em março, a atividade global vai despencar e o Brasil será um dos maiores prejudicados, devido à forte relação comercial com o país asiático

Correio Braziliense
postado em 21/02/2020 06:00
ilustração da palavra pibAinda que ninguém crave tal possibilidade, analistas mais pessimistas admitem que o Brasil pode registrar queda do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2020. Tudo vai depender do que acontecerá na China, cuja produção industrial está praticamente parada por causa do coronavírus.

Na média, os analistas preveem alta de 0,30% para o PIB brasileiro entre janeiro e março, mas, para que esse quadro se concretize, a China precisa religar as máquinas até o fim de fevereiro. Se a segunda economia do planeta continuar parada em março, a atividade global vai despencar e o Brasil será um dos maiores prejudicados, devido à forte relação comercial com o país asiático.

No Brasil, vários setores, sobretudo o de eletroeletrônicos, já estão sofrendo com a escassez de peças e componentes vindos da China. Para se ter uma ideia de como isso é real, uma empresa sediada no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) do Distrito Federal está há dias com os elevadores parados por falta de peças.

Cada ponto percentual a menos de crescimento da China retira 0,5 ponto do PIB brasileiro. As estimativas são de que o país asiático avance entre 4% e 4,5% em 2020, ante os 6,5%, em média, dos últimos anos. O mais preocupante é que, não há no mundo, hoje, países capazes de substituírem a China no mercado de suprimentos industriais.

A China, contudo, é apenas um dos problemas que se colocam no caminho do Brasil. Desde novembro do ano passado, o país enfrenta uma contínua desaceleração da atividade. Janeiro, mostram prévias dos indicadores, foi fraco. Fevereiro não está sendo diferente. E não há perspectiva de forte recuperação em março.

O governo comemorou a prévia da inflação de fevereiro, que ficou em 0,22%, a menor para o mês desde 1994. Mas isso aconteceu, sobretudo, porque o consumo está fraco. As famílias reduziram as compras. Resta ao varejo fazer promoções e cortar preços para desovar os estoques.

Outro dado relevante: o Banco Central liberou R$ 135 bilhões de compulsórios para tentar estimular a economia via crédito. Isso depois de ter reduzido a taxa básica de juros (Selic) ao menor nível da história, 4,25% ao ano. O BC acredita que esse dinheiro ficará “queimando nas mãos dos bancos”, que serão obrigados a reduzir os custos dos empréstimos para repassar os recursos adiante.

De uma coisa os especialistas estão certos: mesmo que o PIB do primeiro trimestre seja ligeiramente positivo, o crescimento do ano como um todo está comprometido, ficando por volta de 1,5%. Além do estrago do coronavírus, o Brasil se ressentirá das dificuldades do governo em aprovar projetos prioritários, como as reformas administrativas e tributárias, no Congresso.

Quanto mais demorar para as reformas saírem, maior será a desconfiança de investidores e empresários. Os estrangeiros não entram no Brasil e os que estão no país estão sacando os recursos. Essa, por sinal, é uma das razões de o dólar ter batido novo recorde, nesta quinta-feira (20/2). 

0,5 ponto percentual

É quanto o PIB do Brasil perde a cada recuo de um ponto percentual no crescimento da China

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