Economia

Mesmo com troca de comando no INSS, filas continuam e benefícios não andam

Cerca de 1,3 milhão de pedidos de benefícios seguem sem resposta

Correio Braziliense
postado em 22/02/2020 07:00
Recém-saído de uma cirurgia, Ivo Henrique da Silva não sabe se continuará a receber o auxílio-doençaSai presidente, entra presidente e a crise de atendimento no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) fica sem solução. Vinte e quatro dias após a demissão de Renato Vieira, desgastado pela imensa fila de espera de mais de um milhão de mil benefícios represados, o novo dirigente, Leonardo Rolim, não conseguiu melhorar o serviço à população. Vieira saiu cerca de 15 dias depois de o governo anunciar a contratação de militares da reserva para ajudar no andamento dos processos, o que, até agora, não aconteceu.

Técnicos do governo informaram que a medida provisória que autoriza a contratação, agora incluídos aposentados de todas as carreiras, deve passar por ajustes, o que deve postergar a publicação para depois do carnaval. “Os militares e os aposentados vão trabalhar exclusivamente no atendimento das agências, em apoio aos aposentados do INSS, que atuarão na análise dos pedidos de benefícios”, disse uma fonte.

Mas as divergências sobre o caos não foram sanadas. Rolim diz que o INSS tem mão de obra suficiente para corrigir o impasse nos requerimentos de aposentadorias, pensões, auxílios e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), até porque o sistema on-line Meu INSS, acredita, vai dissipar o acúmulo, tão logo os novos contratados desafoguem a estrutura agora engarrafada.

Para Thaís Riedel, especialista em direito previdenciário do escritório Riedel Advogados, se, a medida não eliminará o problema. “O que resolve é concurso público. O governo precisa entender que, no caso do INSS, a tecnologia não atende a todos os beneficiários, porque o Brasil é desigual. Além disso, a legislação previdenciária é complexa, com mais de 700 artigos, fora a lei geral e da reforma da Previdência”

No dia a dia, a população continua sendo a mais prejudicada. Ivo Henrique da Silva, 19 anos, morador de Valparaíso, está há uma semana tentando confirmar um agendamento no site do INSS, para fazer perícia e confirmar se continua com o auxílio-doença ou retornar às atividades. Ele se afastou do emprego após uma cirurgia. “Se não tivesse dado problema no sistema, teria resolvido há muito tempo. Estou sem salário. Isso atrapalha todo o planejamento da minha vida. Acho que vou fazer bicos para ver se consigo uma renda”, afirmou.

Demora

A servidora pública Patrícia Campos, 48, esqueceu a senha do aplicativo Meu INSS e não conseguia verificar o extrato do benefício do irmão — ele sofre de esquizofrenia e ela é a responsável por retirar e cuidar da pensão. Já que a internet não funcionava, encarou uma longa fila, de quase três horas na agência. “Eles dizem que demora no máximo 45 minutos para sermos atendidos. Só que, na verdade, é o triplo. Fiz uma operação nos pés e fica difícil ficar aguardando esse tempo todo”, reclamou.

No final de janeiro, entre os benefícios pendentes de análise, 1,3 milhão de pessoas esperavam há mais de 45 dias, prazo estabelecido por lei para a concessão. Desses pedidos, 618 mil eram de aposentadorias, 108 mil de salário-maternidade e 47 mil de auxílio-doença.

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