Economia

Bolsas de NY voltam a fechar em forte queda com coronavírus

As bolsas de Nova York voltaram a fechar em queda no pregão desta terça-feira, 26, novamente com o avanço do coronavírus no radar. A doença se espalha pela Europa, com Suíça, Croácia e Áustria registrando os primeiros casos. Na Itália, o número de mortes subiu para 11 e o número de casos está em 322. Foi confirmado também o primeiro caso na Catalunha, levando o total na Espanha para cinco. No Irã, foram relatadas 95 infecções e 15 mortes; o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou durante coletiva de imprensa que o governo americano está "profundamente preocupado" com a possibilidade de o Irã ter suprimido informações vitais sobre os casos de coronavírus no país. O índice Dow Jones despencou 879,44 pontos no dia, ou 3,15%, fechando em 27.081,36 pontos - o volume negociado ficou bem acima da média dos últimos três meses. O Nasdaq caiu 2,77%, a 8.965,61 pontos; e o S&P 500 teve baixa de 3,03%, a 3.128,21 pontos. O índice VIX de volatilidade, chamado de "medidor do medo" dos mercados acionários americanos, fechou o dia com elevação de 11,27%, para 27,85 pontos. Preocupações com a possibilidade de o avanço da doença afetar comércio e viagens internacionais levaram a fuga nos setores de aviação e finanças. Ontem, a Mastercard reduziu as projeções para crescimento e receita no primeiro trimestre de 2020. A empresa afirmou que espera agora alta de 9% a 10% na comparação anual - antes, a expectativa era de crescimento superior a 10%. Entre as maiores quedas no índice Dow Jones, duas ações eram do setor financeiro: American Express recuou 5,69% e Visa caiu 5,23%. Já no índice S&P 500, duas das maiores quedas foram de companhias aéreas: a American Airlines caiu 9,16% e a Southwest Airlines, 8,22%. Nesta terça-feira, o Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) informou que o coronavírus está se espalhando de forma rápida pelo mundo e que há provável risco de pandemia. O órgão americano diz que o "quadro clínico completo" em relação vírus "não está totalmente esclarecido", sendo provável que "mais casos sejam identificados nos próximos dias, incluindo os Estados Unidos". A Casa Branca pediu US$ 2,5 bilhões em recursos ao Congresso dos EUA para combater os surtos no mundo. Os recursos seriam utilizados para desenvolver uma vacina, adquirir equipamentos de proteção e financiar tratamentos. A empresa farmacêutica Moderna enviou nesta terça-feira uma possível vacina contra o coronavírus a pesquisadores do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos para testes, e avançou 27,81% na Nasdaq, para US$ 23,76. O líder da missão internacional conjunta da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da China contra o coronavírus, Bruce Aylward, disse nesta terça-feira que os casos de infecção pelo vírus no país asiático estão desacelerando. "Vimos um crescimento exponencial de novos casos, que atingiu um platô estabilidade e vem caindo consistentemente desde fevereiro", afirmou o especialista durante uma coletiva de imprensa da OMS. O vice-presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Richard Clarida, afirmou hoje que a doença deve ter, ao menos no primeiro trimestre deste ano, efeito considerável no crescimento da China: "A disrupção lá pode transbordar para o resto da economia global. Mas ainda é cedo para especular sobre a magnitude ou a persistência desses efeitos, ou se eles levarão a mudança material na perspectiva". O diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Larry Kudlow, disse hoje em entrevista a CNBC que o coronavírus está contido nos Estados Unidos e por isso não vê possibilidade de impactos na cadeia produtiva. Empresas de tecnologia estiveram entre as mais negociadas do Índice Dow Jones - as companhias mais ativas hoje foram, em ordem, Microsoft, Apple e Cisco. Contato: augusto.decker@estadao.com