Correio Braziliense
postado em 26/02/2020 04:05
A confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no Brasil — um segundo exame, de contraprova, deu positivo — levou o Banco Central a reforçar seu arsenal para conter qualquer movimento de pânico na reabertura dos mercados nesta quarta-feira.
O BC já estava pronto para agir diante do que se viu nos mercados internacionais nos últimos dois dias, com o derretimento das bolsas de valores das principais economias do mundo. Mas, agora, com um caso confirmado no Brasil, a situação se agravou por completo. Teme-se o pior na volta aos trabalhos depois do carnaval.
Pelo que apurou o Correio, o Banco Central vai intervir no câmbio até quando achar necessário. Estima-se que a moeda norte-americana poderá retomar os negócios nesta quarta-feira já próxima dos R$ 4,50 (frente os R$ 4,39 de sexta-feira), o que disseminará nervosismo para todos os lados.
Se isso se confirmar, o dólar terá alta de 2,5%, o que, no entender dos especialistas, será até um aumento pequeno ante o pânico esperado. Ninguém descarta o dólar caminhar rapidamente para os R$ 5 se o quadro do coronavírus se agravar, sobretudo no país.
Apreensão
A preocupação dentro do BC é tamanha, que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, trocou uma série de informações com seus diretores e com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o poder de fogo da autoridade monetária para conter todos os movimentos disfuncionais do mercado.
O BC, asseguram técnicos da equipe econômica, precisa passar toda a segurança possível aos agentes financeiros, para que o barco não afunde. Entre os assessores do presidente da República, Jair Bolsonaro, já se discute o custo político de um dólar a R$ 5.
O clima de medo que se instalou entre os investidores nos últimos dias tem a ver com o avanço do novo coronavírus na Europa. Na Itália, já são 11 mortos. Os investidores temem que ocorra no continente europeu o que está se vendo nas China, com fábricas fechadas e a produção afundando.
O coronavírus está concentrado no norte da Itália, onde está o grosso das indústrias do país. Aquela região, mais o sul da Alemanha, a Suíça e a Áustria formam o principal cinturão de suprimentos da Europa.
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