Economia

BC tenta passar tranquilidade

Correio Braziliense
postado em 29/02/2020 04:04

Apesar das fortes perdas nas bolsas e da disparada do dólar, o clima é de tranquilidade no Banco Central. Pelo menos foi essa a imagem que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, passou para um grupo de analistas que foi à sede da autoridade monetária ontem, em São Paulo, para conversar sobre o cenário econômico do Brasil. “Ele teve uma fala bastante tranquilizadora, serena”, contou André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.

Segundo Perfeito, o presidente do BC voltou a dizer que o câmbio é flutuante e, por isso, pode variar, como tem acontecido nas últimas semanas. E ainda reforçou que as intervenções do BC, que fez uma série de leilões extraordinários de swap cambial nesta semana, tiveram apenas o objetivo de manter condições de liquidez adequadas no mercado.

“Pouco importa se (o dólar) é R$ 1, R$ 2 ou R$ 5. O que importa é a velocidade de apreciação da moeda norte-americana. Se tiver que ir para cima, vai”, afirmou o economista, indicando que o BC não está tão preocupado quanto outros agentes do mercado financeiro com a taxa de câmbio. “Não é o real que está fraco. É o dólar que está forte. E está forte em todo o mundo”, afirmou.

Na conversa com os analistas, Campos Neto reforçou que o Brasil tem um sistema de metas de inflação e precisa esperar os recentes cortes de juros fazerem efeito para poder pensar em uma nova atualização da taxa básica (Selic). A posição do presidente do BC refuta a tese dos economistas que temem que o atual patamar do dólar pressione a inflação e daqueles que defendem um novo corte imediato de juros, sob o argumento de que a desaceleração mundial provocada pelo coronavírus vai retardar ainda mais a recuperação da economia brasileira.

A impressão dos economistas, ao final da reunião, foi de que nenhum ponto da política monetária do BC foi alterado. “Eles não estão assustados, porque não estavam tão otimistas”, explicou André Perfeito. Ele lembrou que o BC já projeta alta do PIB de 2% em 2020, diferentemente do Ministério da Economia, que ainda fala em 2,4%. A serenidade também pode ter outro motivo. Com a alta do dólar, as reservas internacionais do Banco Central se valorizam. Só na última semana, quando a moeda saiu de R$ 4,40 para perto dos R$ 4,50, o ganho foi de R$ 46 bilhões.

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