Correio Braziliense
postado em 02/03/2020 11:14
Após tocar pontualmente os 105 mil pontos (105.007,98 pontos), o Ibovespa perdeu força e foi para o campo negativo, em sintonia com a queda dos Ãndices futuros de Nova York. Ainda que a possibilidade de medidas de estÃmulos esteja presente nos mercados, as incertezas relacionadas ao coronavÃrus parecem maiores, o que podem agravar ainda mais o quadro de retomada.
Às 10h52, o Ibovespa cedia 0,03%, aos 104.141,17 pontos.
"A Bolsa sofreu muito nos últimos dias, iniciou o pregão tentando rever as perdas, mas as dúvidas com o coronavÃrus continuam, e é isso que vai dar rumo aos negócios. Devemos ter volatilidade o tempo todo", afirma o economista-chefe do ModalMais, Ãlvaro Bandeira.
Novos alertas de desaceleração da economia mundial por conta dos avanços da disseminação da epidemia de coronavÃrus devem conduzir os negócios no inÃcio desta semana.
Além de dados fracos de atividade na China e na Europa, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) não descarta a possibilidade de Produto Interno Bruto (PIB) mundial negativo no primeiro trimestre deste ano e alta de apenas 1,5% em 2020, caso a epidemia se agrave. Por ora, cortou a projeção de 2,9% para 2,4% do PIB global deste ano.
Neste cenário, crescem as expectativas de medidas de estÃmulos pelos bancos centrais mundiais, como a redução do juro básico. Os holofotes seguem principalmente no Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), cuja reunião de polÃtica monetária ocorrerá nos 17 e 18 de março, e as estimativas já indicam diminuição de 0,50 ponto porcentual. O mercado ainda espera a adoção de novos estÃmulos monetários pelo banco central chinês, epicentro do vÃrus. Também para o Brasil, alguns, como a OCDE, dizem que há espaço para corte de juros.
A própria OCDE reconhece que os governos precisam agir com rapidez e força para superar os efeitos do coronavÃrus. No entanto, para Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença DTVM, medidas nesse sentido são paliativas, não resolvendo por completo as questões que estão relacionadas à produção. "Se o povo está doente, quem irá produzir, consumir? O problema não é liquidez, mas sim dúvidas com produção e com demanda", explica.
"Há pouco o que fazer por meio dos juros se as economias mundiais deslocam seus esforços da produção para a prevenção ao espalhamento do vÃrus. Se os paÃses continuam adotando medidas como fechamento de fábricas, férias escolares e cancelamentos de eventos os juros são ferramenta inócua", avalia o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.
O economista também pondera que hoje não há orçamento monetário nos bancos centrais para coordenar algo do tipo, pois as taxas de juros já estão baixas e o balanço da maioria dos BCs já estão inflados. "Há algum tempo o próprio Fed voltou a expandir seu balanço injetando liquidez pela porta dos fundos do sistema e por aqui nosso Banco central já diminuiu os compulsórios", descreve em nota.
A despeito das altas das commodities no exterior, as bolsas europeias e os Ãndices futuros de Nova York passaram para o campo negativo após subirem mais cedo, indicando que o sobe-e-desce nos mercados deve continuar. Na Itália, o PMI industrial caiu para 48,7, marcando o 17º mês seguido de contração. Já na China, o PMI industrial oficial saiu de 50,0 em janeiro para 35,7 em fevereiro.
Para Perfeito, volatilidade deve ser o tom nos próximos dias, enquanto o mercado busca dar sentido monetário aos ruÃdos do vÃrus teremos oscilações violentas. "O problema da volatilidade é que não sobe e cai simplesmente. Quanto maior a incerteza, maior a chance dos investidores quererem ficar lÃquidos e isso pode criar uma tendência persistente de queda das bolsas", estima.
Monteiro também acrescenta que o noticiário polÃtico segue no radar, em meio ao impasse entre Congresso e Planalto, o que pode prejudicar o andamento das reformas, considerado essencial para a retomada econômica.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.