Correio Braziliense
postado em 05/03/2020 04:15
Diante dos temores dos efeitos da epidemia de coronavírus sobre a economia global e a expectativa de um novo corte na taxa básica de juros brasileira (Selic), o dólar alcançou ontem novo recorde nominal. Ao fim do 11º dia de alta consecutiva, a moeda norte-americana subiu 1,54% e chegou a R$ 4,58 no câmbio comercial.
O economista da NGO Corretora, Sidnei Nehme, avaliou que o cenário pode piorar. “A política de câmbio alto e juro baixo não está motivando o setor produtivo, nem recuperando a exportação. A perspectiva é preocupante. Com esse quadro nebuloso do coronavírus, vamos ter que cortar juros, e o dólar vai subir ainda mais. Sem contar os setores que já estão sendo fortemente prejudicados, como o turismo, que fica fora do painel com um dólar a R$ 5”, afirmou.
Para Nehme, o ambiente global é muito negativo, principalmente para os países emergentes. “A mudança de juros feita abruptamente nos EUA sinalizou que a crise é maior do que a gente está percebendo. Diferentemente de momentos anteriores, o dinheiro não vem para os países emergentes, que estão marginalizados”, afirmou.
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3), no entanto, viveu um dia de alívio. Em linha com as principais bolsas de valores do mundo, o Ibovespa, principal índice da B3, registrou alta de 1,60%, fechando aos 107.224 pontos, mesmo com a divulgação de resultados decepcionantes do PIB brasileiro em 2019, que revelaram perda de ritmo do consumo das famílias e dos investimentos privados.
Eleições
“O resultado não veio exatamente como os investidores esperavam e vai provocar a revisão das previsões para 2020, que deverão ficar mais próximos de 1,5% do que acima de 2%, como vinha sendo projetado”, destacou o estrategista da RB Investimentos Gustavo Cruz.
O Ibovespa chegou a operar no campo negativo no início da tarde, mas foi puxado pela melhora no ambiente externo, impulsionado pelo desdobramento das eleições primárias americanas, que apontou o crescimento do ex-presidente Joe Biden na disputa para a definição do candidato do Partido Democrata à Casa Branca. Para os analistas, a perspectiva de que Biden se consolide como principal oponente do presidente Donald Trump nas eleições de novembro é positiva, pois ele é visto como um político palatável, ao contrário do senador Bernie Sandres, tido como radical.
Refletindo o resultado de ontem das primárias, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, teve alta expressiva, de 4,31%. O Nasdaq, que mede o desempenho das empresas de tecnologia, subiu 3,9%. Os mercados europeus também operaram no azul. Foram registrados ganhos de 1,19% na Bolsa de Frankfurt, de 1,45% em Londres, e de 1,33% em Paris.
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