Correio Braziliense
postado em 06/03/2020 04:06
As cooperativas de crédito têm, atualmente, 9,9 milhões de cooperados, de acordo com dados divulgados no ano passado pelo Banco Central. Sua participação no sistema financeiro nacional ainda é relativamente pequena, com 2,69%, mas com tendência de crescimento. Segundo o presidente da Sicoob, maior sistema financeiro cooperativo do país, Antônio Eustáquio de Oliveira, a curva ascendente é porque as cooperativas de crédito têm sido uma alternativa para pequenos e médios empresários.
Ele explicou que a estrutura mais ágil e menos burocrática é uma vantagem diante das instituições financeiras tradicionais, pois além de oferecerem um atendimento individualizado àqueles que pretendem investir em um negócio, proporcionam maior qualidade e menor preço. Os bancos, por sua vez, não teriam a mesma flexibilidade com a clientela.
“Temos muitos municípios brasileiros que não possuem uma instituição financeira, um banco, mas têm uma cooperativa de crédito. Isso fortalece a economia local, porque elas têm a flexibilidade de atender o cooperado naquilo que ele precisa. Já no sistema financeiro tradicional, nem sempre é assim. Nisso a cooperativa atende com muita qualidade e eficiência a maioria da população dos municípios”, explicou Antônio em entrevista ontem ao CB.Poder, uma parceria do Correio com a TV Brasília.
O presidente do Sicoob defendeu que o atendimento individualizado é o grande diferencial das cooperativas, pois analisar caso a caso favorece o cooperado. “Nós falamos com o cooperado, visitamos sua empresa ou negócio, analisamos o projeto, ajudamos e fazemos orientações sobre que tipo de linha de crédito tomar. O objetivo é esse, o de ajudar”, explicou.
Antônio, porém, assegura que há critérios rigorosos a serem seguidos na concessão de crédito. “Se você nos procura, nós vamos entender o seu negócio, seu investimento. Mas não cedemos crédito sem qualquer critério. Porque, ao mesmo tempo que isso pode ser bom, pode ser ruim para o empresário. Nós temos o cuidado de avaliar bem o projeto de cada associado que se junta à cooperativa. Há uma cultura de conhecer primeiro e fazer negócio depois”, observou.
Perguntado sobre o trabalho das cooperativas em educação financeira, Antônio pontuou que saber investir é importante para que os empresários tomem decisões corretas. Com esse objetivo, realizaram vários workshops por meio do Instituto Sicoob, criado em 2004. Ele defendeu que os bancos não têm a preocupação com as consequências de tomada de crédito equivocada pelo cliente.
“O Instituto Sicoob está com esse objetivo, de alcançar o máximo de esclarecimento com respeito à tomada de crédito, porque nem sempre a solução é o crédito. Ou talvez seja o tipo errado de crédito, com taxas de juros mais altas. Cada pessoa tem seu tipo necessário. Agora, o banco não: quer oferecer o que tem taxa melhor para ele.”
Espaços
Ele assegura que o sistema cooperativista não quer tomar o espaço dos bancos. Para Antônio, a participação no sistema financeiro só não é maior porque falta informação e porque o cooperativismo trabalha com nichos.
“Vejo que há falta de informação. Falta ainda uma cultura do brasileiro de conhecer o cooperativismo. Na Europa e nos Estados Unidos, a economia está na maior parte na mão do cooperativismo. No Brasil, nós estamos atingindo a ordem de 56%. O espaço é grande para crescer. Não queremos tomar o espaço dos bancos. Estamos vivendo de nicho de mercado, no qual atenderemos ao cooperado e às pessoas que não têm acesso à qualidade e à eficiência do sistema financeiro”.
Em números totais, o Sicoob conta hoje com mais de 4,6 milhões de cooperados e atua em todos os estados. Os associados podem participar das decisões e recebem parte dos resultados financeiros. A constituição e funcionamento de cooperativas de crédito foi regulamentada em 2000, pelo Banco Central, pela Resolução 2.771.
* Estagiário sob a supervisão de Fabio Grecchi
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