Economia

Coronavírus pode reduzir em até 15% o investimento estrangeiro direto

O cálculo é da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad)

Correio Braziliense
postado em 08/03/2020 20:34
O avanço do coronavírus pelo mundo pode derrubar em até 15% o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) neste ano de 2020. O cálculo é da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), que publicou um relatório extraordinário  sobre o impacto da epidemia nos investimentos externos neste domingo (8/3).

"A Unctad projeta um impacto negativo nos fluxos globais de IED que variam de -5% a -15% em 2020 (com o efeito de filtragem do choque de demanda até 2021)", alertou o braço da Organização das Nações Unidas (ONU) para o livre comércio, que antes do coronavírus havia projetado um crescimento de até 5% para os investimentos estrangeiros diretos mundiais neste ano.

Segundo a Unctad, a perda de 5% dos investimentos estrangeiros já é praticamente certa, porque diz respeito ao cenário mais otimista da organização, em que a epidemia do coronavírus é controlada ainda neste primeiro semestre. Porém, pode se agravar, chegando até os 15%, caso a doença continue se alastrando pelo mundo durante todo o ano de 2020. É por conta desses dois cenários que a Unctad também projeta uma queda de 0,5% a 1,5% nas perspectivas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mundial neste ano de 2020.

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A organização, porém, explica que o coronavírus terá um impacto tão grande no fluxo global de investimentos porque afeta o rendimento das grandes empresas que costumam fazer aportes significativos no mercado de capital. Isso acontece porque a doença vem reduzindo a demanda e a produção das companhias multinacionais e, por isso, vai reduzir o lucro que poderia ser reinvestido em ativos físicos, em expansões ou em investimentos estrangeiros diretos.

"Em média, as 5.000 maiores empresas multinacionais, responsáveis por uma parcela significativa do IED global, reduziram as suas estimativas de ganhos em 2020 em 9% devido ao Covid-19", informou a Unctad, dizendo os mais atingidos foram a indústria automotiva (-44%), as companhias aéreas (-42%) e as indústrias de energia e materiais básicos (-13%).

E essa redução média foi mais profunda nas empresas de países em desenvolvimento como o Brasil: - 16%. Por isso, o relatório da Unctad trouxe uma preocupação a mais para os analistas da Bolsa de Valores de São Paulo, que é altamente dependente do investimento estrangeiro, mas vem registrando uma fuga de capital sem precedentes por conta do surto do coronavírus, que tem levado os investidores a buscar refúgio em economias mais sólidas como a dos Estados Unidos. Calcula-se que os estrangeiros já tiraram U$ 44,7 bilhões da Bolsa de Valores de São Paulo só neste ano. O número supera o saldo negativo de todo o ano passado: R$ 44,5 bilhões.

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