Economia

BC continua venda de reservas

Correio Braziliense
postado em 10/03/2020 04:05

O Banco Central (BC) vai vender hoje mais US$ 2 bilhões das reservas cambiais à vista para tentar conter a volatilidade do dólar. Ontem, no momento de maior pânico entre os investidores, o BC injetou US$ 3 bilhões e informou que vai intervir o quanto for necessário para regularizar o mercado de câmbio.

“As intervenções têm sido pontuais, respondendo a eventos e disfuncionalidades específicas, mas podem durar o tempo que for necessário para o retorno do regular funcionamento do mercado de câmbio”, afirmou o diretor de política monetária do BC, Bruno Serra Fernandes, em uma apresentação realizada em São Paulo.

Segundo Fernandes, o BC pode intervir por meio de operações de swap cambial (equivalentes à venda futura de dólares), linhas de liquidez ou vendas definitivas da moeda. A escolha vai depender “das condições de mercado e da forma como se apresenta eventual disfuncionalidade a cada momento”. Antes da venda de reservas de ontem, por exemplo, o BC vinha atuando por meio de leilões de swaps.

Fernandes, porém, reforçou que a política de câmbio flutuante continua. “Nosso regime é de câmbio flutuante, que é nossa primeira linha de defesa contra choques externos. As decisões de política cambial têm por único objetivo manter o regular funcionamento do mercado de câmbio”, frisou. Ele destacou que a atual posição cambial líquida do BC está em US$ 330 bilhões —  “o maior nível histórico, quando medido em relação ao PIB, em torno de 20%”.  “A posição cambial do BC é um seguro robusto contra choques externos”, disse.

O recado deixou no mercado a percepção de que o BC, apesar de defender o câmbio flutuante, passou a se incomodar com a escalada do dólar, seja porque a moeda ultrapassou a barreira dos R$ 4,70, seja porque a situação vem prejudicando o risco Brasil. “O BC vinha procurando deixar o câmbio flutuar um pouco mais livremente porque a inflação está sob controle e os juros, baixos. Mas sinaliza que está desenhando uma espécie de teto, a partir do qual vai atuar de forma mais constante”, avaliou o economista da BlueMetrix Ativos Renan Silva. Para ele, o teto pode estar entre R$ 4,60 e R$ 4,80 — patamar que assusta os consumidores e começa a afetar as empresas que têm dívidas em dólar.

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