Correio Braziliense
postado em 10/03/2020 04:06
Ao contrário do ministro Paulo Guedes, o mercado financeiro acha que a economia brasileira não será mais capaz de crescer 2% neste ano. O Boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central (BC) aponta uma alta de apenas 1,99% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2020. É a primeira vez que os analistas ouvidos pelo BC preveem um PIB menor que 2% em 2020. O número, porém, já era esperado por alguns bancos, como o Itaú e o JP Morgan.
A projeção de crescimento econômico está sendo revisada para baixo há quatro semanas consecutivas pelo mercado por conta do avanço do coronavírus pelo mundo. Mas, nesta semana, levou um tombo mais agressivo, porque também considerou o baixo crescimento de 1,1% registrado pelo PIB em 2019.
As previsões publicadas ontem foram coletadas entre os analistas na semana passada, antes, portanto, da derrocada dos preços do petróleo no fim de semana, que ameaça precipitar o mundo em uma nova recessão. Assim, é possível que novas baixas nas estimativas sejam apuradas nas edições futuras do Focus.
Cálculos da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) concluíram que a epidemia do coronavírus vai reduzir em pelo menos 0,5 ponto percentual a taxa de crescimento da economia mundial. E os analistas sabem que isso vai impactar o mundo todo, inclusive o Brasil, por conta da redução do fluxo global de produtos e investimentos.
Até os mais otimistas calculam um crescimento entre 1,8% e 1,9% para o Brasil neste ano. Eles explicam que, ao contrário do que sugeriu o ministro Paulo Guedes ontem, a aprovação das reformas econômicas podem amortecer o impacto do coronavírus, mas não será suficiente para que o Brasil escape ileso da crise mundial.
“Ainda não sabemos até onde o coronavírus vai. Por isso, o mercado continua receoso”, disse o economista da Guide Investimentos Victor Beirute, lembrando que os investidores costumam adiar suas aplicações neste cenário de incerteza. A incerteza, por sinal, também contribui com a alta do dólar, que provocou ajustes nas expectativas do mercado para a inflação em 2020, que subiu de 3,19% para 3,2%.
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