Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 04:06
O pânico também repercutiu no câmbio, que fez o dólar comercial valorizar-se 1,61%, terminando cotado a R$ 4,72. A moeda voltou a alcançar o mesmo patamar da máxima de segunda-feira, quando houve alta de quase 2%. O BC segue intervindo no mercado e anunciou um novo leilão de US$ 1,5 bilhão à vista hoje. Na terça-feira, a medida ajudou a moeda a fechar na maior queda diária em seis meses, de 1,69%. Ontem, a autoridade monetária havia deixado de vender dólar à vista e voltado a fazer leilão de swap, o que não conseguiu conter a alta.Segundo o economista da BlueMetrix Ativos, Renan Silva, o câmbio pode ter chegado a um teto. “Há de se considerar que o endividamento de muitas empresas brasileiras em dólar é relevante, sensíveis a esse equilíbrio financeiro, o que pode sinalizar que esse patamar de dólar está em uma espécie de teto”, afirmou. Para ele, a atuação deve continuar de maneira razoável na defensiva, pois, ultrapassando esse patamar, o dólar começa a ser oneroso para a economia brasileira.
No cenário doméstico, o Ministério da Economia reduziu a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2020 para um crescimento de 2,1%, ante 2,4% anteriormente. Segundo analistas, a tendência é de que continuem os cortes nas projeções de todo o mundo, a depender das perspectivas negativas sobre o coronavírus. Entre os indicadores, foi divulgado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu a 0,25% em fevereiro, acima da expectativa dos analistas. Apesar disso, foi o menor resultado para um mês de fevereiro desde 2000, quando bateu em 0,13%.
No ano, o índice que mede a inflação acumulou alta de 0,46% e, nos últimos 12 meses, de 4,01%. Veio abaixo dos 4,19% observados nos 12 meses imediatamente anteriores, mas não chegou a repercutir tanto no mercado, com o protagonismo do coronavírus.
No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 terminou em alta de 66 pontos-base, a 5,19%. O DI para janeiro de 2023 avançou 83 pontos-base, a 6,06%, enquanto que o DI para janeiro de 2025 ganhou 90 pontos, a 7,09%.
“Muita gente se posicionou para aposta de corte de juros, depois do corte extraordinário do Fed e depois que Roberto Campos Neto avisou que também ia cortar. Só que, com essa situação maior de pandemia, a curva de juros fechou em forte alta, apagando qualquer possibilidade implícita de corte na próxima reunião”, destacou Pablo Spyer, diretor da Mirae Asset. (RG)
R$ 1,5 bilhão
é quanto o Banco Central vai despejar no leilão de dólar previsto para hoje, a fim de impedir que a cotação dispare
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