Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 04:07
Mesmo diante do cenário de pânico global, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) prevê aumento das vendas de 9,4% em 2020. Nas exportações, contudo, a queda projetada é de 11%, principalmente, pela crise na Argentina, principal destino das vendas externas do setor. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes.
Os licenciamentos no país somaram 2,788 milhões em 2019 e a projeção é atingir 3,050 milhões este ano. As exportações devem cair de 428 mil veículos, no ano passado, para 381 mil este ano. Por conta disso, a produção, que atingiu 2,945 milhões de unidades em 2019, está projetada em 3,180 milhões este ano, alta de 7,3%. “As vendas no mercado interno devem compensar a redução nas exportações”, explicou Moraes.
Apesar de as estimativas do setor se manterem positivas, mesmo diante do cenário de pânico por conta do coronavírus, Moraes disse que a alta do dólar terá impacto no custo dos carros. “As importações representaram US$ 13 bilhões no ano passado. Numa projeção de alta do dólar, de R$ 4 para R$ 4,60, esses R$ 0,60 a mais totalizam R$ 8 bilhões de aumento de custos”, disse. O valor dividido pela produção de 3 milhões de carros representa um custo de R$ 2,6 mil a mais por veículo. “Se isso será repassado ou não para o consumidor, depende de cada montadora. Aquela que exporta mais pode compensar parte disso”, assinalou.
Em Brasília, foram 81.176 licenciamentos em 2019, 2,9% do total do Brasil e uma alta de 27,1% desde a retomada do mercado, em 2016. Segundo Moraes, as montadoras estão vendendo mais de forma direta para as locadoras. “Isso acompanha o movimento global, por conta do aumento de aplicativos de transporte”, ressaltou. Dos 2,6 milhões de veículos leves, 520 mil foram vendidos para locadoras.
Efeito Covid-19
O presidente da Anfavea ressaltou que o estoque de reserva de componentes importados do setor deve segurar até o fim de março e início de abril. “Podemos ter algum problema de importação de componente depois disso”, destacou. O dirigente assinalou que existem alternativas para resolver este problema. “Mudar o mix de produção e diminuir fabricação de modelo que não usa tanto componente importado são algumas opções. Por enquanto, não tivemos parada de produção, mas existe o risco”, alertou. Mesmo assim, Moraes acredita que alguma queda na produção pontual por conta da pandemia pode ser recuperada em outros períodos do ano. “Na indústria, é possível postergar a venda”, acrescentou.
Moraes afirmou que o Brasil ainda não deu um sinal de como o governo vai ajudar na economia. “Será que não dá para fazer alguma coisa a mais para diminuir o impacto?”, indagou. Ele criticou a instabilidade política. “É um momento em que deveríamos evitar ruído político e buscar serenidade e diálogo entre os Poderes e o setor privado”, sugeriu, em crítica velada às tensões provocadas pelo presidente Jair Bolsonaro.
- Vivo e TIM farão proposta pela Oi
Vivo e TIM formalizaram, na noite da terça-feira, o interesse de comprar as operações móveis da Oi, que, na última segunda-feira, recebeu autorização da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro para avançar com o pedido de prorrogação da recuperação judicial. As duas operadoras comunicaram a intenção ao Bank of America Merrill Lynch, assessor financeiro da Oi no processo. O documento informou que cada uma das empresas –– Telefônica, controladora da Vivo, e TIM –– ficaria com parcela do negócio, se for concretizado. Quer dizer que as empresas manteriam operações separadas, mesmo que a negociação seja em conjunto. A negociação está sujeita à aprovação dos órgãos reguladores.
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