Economia

"Todos nós somos responsáveis", diz Guedes sobre a frase da alta do dólar

Ministro disse na semana passada que "se fizer besteira, dólar pode chegar a R$ 5" e hoje, moeda americana encostou nesse patamar e a Bolsa paralisou duas vezes

Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 12:53
Ministro da Economia, Paulo GuedesApós o dólar chegar a R$ 5 o ministro da Economia, Paulo Guedes, buscou tentar explicar a frase que disse na semana passada em São Paulo e afirmou que a divisa norte-americana chegaria a esse patamar não apenas se ele fizesse besteira, mas todo o governo e a sociedade. 

“Eu disse se fizermos besteira não era só o governo, somos todos nós, o congresso, o senado, a câmara, o presidente da República, os ministros, a opinião pública… Todos nós somos responsáveis”, afirmou ele, criticando a interpretação da imprensa do que ele considera “deslizes de comentários” das autoridades. “É preciso tentar interpretar corretamente o que está sendo construído”, disse o ministro, nesta quinta-feira (12/03), a jornalistas na portaria do bloco P da Esplanada dos Ministérios, onde fica o gabinete dele.

Após encontro com empresários na sede da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), disse que foi desenhado um cenário muito mais otimista do que o atual, o ministro afirmou que, “se fizer muita besteira, dólar pode chegar a R$ 5”. Hoje, logo na abertura dos mercados, o dólar bateu em R$ 5, enquanto a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) tinha interrompido as negociações logo no início do pregão. Na retomada, houve o segundo circuit breaker, após registrar queda de 15% por uma hora, em meio ao cenário de pandemia do novo coronavírus decretado, ontem, pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Crises


O ministro minimizou as crises externas e entre os Três Poderes e reforçou que o momento é de “serenidade”. Ele destacou que, ontem à noite, a sinalização é de diálogo ao citar o encontro que ele teve com os líderes do Congresso e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, após uma nova derrota do Executivo no Congresso, para discutirem sobre medidas para o combate à epidemia. 

“É  hora de União. A saúde do Brasil está acima dessas disputas políticas. Vamos conversar sobre isso. E foi muito interessante porque entramos, então, na terceira dimensão da crise. De um lado, temos um problema de saúde pública muito sério, por outro lado, nós temos capacidade  e velocidade de escape para manter a nossa decolagem. Nós estávamos em pleno voo, começando a decolar quando fomos atingidos por essa onda”, afirmou. Ele elogiou a sugestão do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para usar os R$ 10 bilhões que estão sendo disputados no Orçamento impositivo, sendo R$ 5 bilhões para a saúde no combate ao vírus e o restante, para a criação de um fundo para cuidar de pandemias.

A conversa ocorreu depois de o Executivo sofrer uma derrota junto ao Congresso sobre com a derrubada do veto presidencial que sobre o teto para o teto para o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Com isso, o governo precisar de uma receita de R$ 20 bilhões para cobrir essa nova despesa no Orçamento. Guedes afirmou que o governo vai apelar na Justiça contra essa medida. “Vamos ao Supremo Tribunal Federal e Vamos ao Tribunal de Contas da União, que tem já casos prévios argumentando pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Não se pode criar R$ 20 bilhões de despesa sem dizer de onde vem os recursos. Não podemos”, afirmou.

Ele, inclusive, reconheceu que a derrubada do veto foi uma derrota para o governo. “O governo, de um lado, mandou sinais e o Congresso não gostou  e mostrou que também pode fazer coisas que não são construtivas”, afirmou ele, reforçando a necessidade do diálogo e do avanço das 16 propostas prioritárias elencadas pela pasta em uma carta enviada ao Legislativo. Para ele, o país não está sincronizado com a economia mundial.

“Temos capacidade econômica de produzir uma dinâmica diferente”, afirmou.  “Estamos seguros de que o Brasil pode ter uma dinâmica própria. Nós temos que manter o curso e manter a serenidade. Vamos aprofundar as reformas”, reforçou.



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