Correio Braziliense
postado em 12/03/2020 16:31
Londres, Reino Unido - O mercado de ações desabou nesta quinta-feira (12), com alguns registrando o pior dia em décadas, depois que o presidente americano, Donald Trump, suspendeu na última quarta todos os voos da Europa para os Estados Unidos e o Banco Central Europeu não alterou suas taxas de juros. O preço dos barris de petróleo caiu bruscamente à medida que cresce o temor mundial por uma possível recessão. O Banco Central Europeu não conseguiu acalmar os investidores apesar da série de medidas apresentadas como forma de ajudar a economia. Os mercados vivem um "show de horrores", disse Connor Campbell, um analista financeiro na Spreadex. A suspensão dos voos potencializou "a probabilidade de uma recessão global", ressaltou Campbell.
Em entrevista ao site especializado no mercado de ações, Briefing.com, o analista-chefe Patrick J. O'Hare afirmou que "todos os esforços que estão sendo feitos para conter a progressão do coronavírus terão consequências negativas na economia". Em todo o mundo, os mercados registraram quedas diárias não vistas em décadas, ou sequer já vistas.
Pior desde os anos 1980
Londres registrou o seu pior dia desde a quebra da bolsa em 1987, conhecida como segunda-feira negra, e Frankfurt desde 1989, o ano da queda do muro de Berlim. Paris sofreu o seu pior dia de perdas na história. Tóquio entrou em um cenário pessimista, e Sidney registrou o seu pior dia desde a crise de 2008.
O Banco Central Europeu anunciou nesta quinta uma série de medidas para tentar combater o pânico financeiro, que terá um "grande impacto" na economia da zona do euro. No entanto, a decisão de não alterar suas taxas de juros frustrou ainda mais os mercados. Milão fechou em queda de 16,9%, com a Itália em isolamento.
Mais cedo, em Wall Street, a Dow Jones registrou queda de mais de 8%, resultando em uma suspensão das suas atividades por 15 minutos. Isso ocorreu antes do Fed anunciar que iria injetar uma grande quantia no sistema bancário, reduzindo as perdas registradas anteriormente.
Projeções
"As restrições de viagem equivalem a uma atividade econômica global mais lenta, então, se você precisar de mais persuasão para vender ... simplesmente caiu no seu colo", disse Stephen Innes, da AxiCorp, após a forte queda de Wall Street. As viagens e o turismo foram particularmente afetados, uma vez que os países instituem proibições de viagens e requisitos de quarentena, com as ações das companhias aéreas despencando.
A recente desaceleração do mercado de ações havia eliminado US$ 11,3 trilhões em ações globais até o final da última quarta, de acordo com Howard Silverblatt, analista sênior da S&P Dow Jones Indices. Os preços do petróleo também foram atingidos. O preço do petróleo em Nova York fechou com queda de 4,5%, a 31,50 dólares, enquanto Brent para entrega em maio caiu mais de 7%, a 33,20 dólares em Londres.
"Agora estamos observando o mundo inteiro entrando isolamento", disse Vandana Hari, da consultoria Vanda Insights. "Pode-se esperar que a demanda por petróleo diminua drasticamente e todas as projeções anteriores sobre o consumo de petróleo terão que ser revisadas".
Bolsas às 14H45 (Horário de Brasília)
Nova York - Dow: -7,7% com 21.696,46 unidades
Londres - FTSE 100: - 9,8% com 5.299,84 (fechada)
Frankfurt - DAX 30: - 12,2% com 9.161,13 (fechada)
Paris - CAC 40: -12,3% com 4.044,26 (fechada)
Milão - FTSE-Mib: -16,9% com 14.894 (fechada)
EURO STOXX 50: - 11,6% com 2.569,87
Tóquio - Nikkei 225: 4,4% com 18.559,63 (fechada)
Hong Kong - Hang Seng: - 3,7% com 24.309,07 (fechada)
Shanghai - Composite: - 1,5% com 2.923,49 (fechada)
Brent North Sea: -8,8% e US$ 32,64 por barril
West Texas Intermediate: -6,6% e US$ 30,80 por barril
Dólar/iene: alta para 105,19 iene de 104,54 iene às 21H00 GMT
Euro/dólar: baixa para $1.1098 de $1.1276
Libra/dólar: baixa para $1.2539 de $1.2825
Euro/libra: alta para 88,50 pence de 87,91 pence
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