Economia

Copom se reúne nesta semana sob expectativa do coronavírus

Banco Central avaliará impacto da disseminação da doença sobre a inflação brasileira

Correio Braziliense
postado em 15/03/2020 13:17

Taxa básica de juros está atualmente em 4,25% ao anoSob expectativa em relação ao impacto do novo coronavírus (Covid-19) sobre a inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) fará, na terça-feira (17) e na quarta-feira (18), a segunda reunião do ano para definir a taxa Selic, atualmente em 4,25% ao ano. O avanço da doença e a instabilidade do mercado financeiro na última semana levaram à indefinição sobre o destino dos juros básicos da economia.

 

No início da semana passada, a maioria das instituições financeiras consultadas pelo boletim Focus, do Banco Central, previa a manutenção da Selic, que está no menor nível da história. No entanto, a forte alta do dólar e a queda da bolsa nos últimos dias provocaram uma inversão de expectativas. A curva de juros no mercado futuro subiu, indicando que parte dos agentes financeiros apostam num possível aumento da Selic.

 

Há quase duas semanas, quando as turbulências no mercado financeiro começaram a se intensificar, o Banco Central emitiu um comunicado no qual informou que compararia os efeitos da desaceleração da economia e da deterioração dos ativos financeiros sobre a inflação antes de tomar uma decisão sobre a Selic. No comunicado, a autoridade monetária avaliava que a baixa demanda prevalecia, o que impediria o repasse da alta do dólar para os preços. Algumas instituições financeiras interpretaram a nota como uma indicação de que os juros poderão baixar na próxima reunião.

 

Copom

O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.

 

O Banco Central atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.

 

A Selic, que serve de referência para os demais juros da economia, é a taxa média cobrada em negociações com títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, registradas diariamente no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia.

 

Ao definir a Selic, o Copom considera as alterações anteriores nos juros básicos suficientes para chegar à meta de inflação, objetivo que deve ser perseguido pelo BC.

 

Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo. Entretanto, as taxas de juros do crédito não caem na mesma proporção da Selic. Segundo o BC, isso acontece porque a Selic é apenas uma parte do custo do crédito.

 

Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de ficar acima da meta de inflação.

 

Quando o Copom aumenta a Selic, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

 

A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é 4% em 2020; 3,75% em 2021 e 3,50% em 2022, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

 

Histórico

De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa Selic foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% em julho de 2015. Nas reuniões seguintes, a taxa foi mantida nesse nível.


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