Economia

Abear pede socorro para que empresas aéreas continuem operando

Abear apresenta uma série de solicitações ao governo federal para poder superar a crise que ameaça paralisar o setor aéreo brasileiro. Empresas fazem cronograma para a interrupção gradativa de serviços aos passageiros

Correio Braziliense
postado em 17/03/2020 06:00
Azul cancelou os voos internacionais, exceto os que saem de Viracopos. Internamente, empresa  suspenderá as operações em 11 cidadesA Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) afirmou que é grave a crise econômica que afeta a aviação comercial brasileira neste cenário de pandemia do coronavírus. Para minimizar o impacto econômico sobre o setor e preservar sua viabilidade, a Abear apresentou um rol de medidas ao governo federal.

Segundo a entidade, as empresas aéreas teriam condições de passar pelo momento de crise se a equipe econômica acatasse as seguintes sugestões: redução de impostos PIS/Cofins sobre Querosene de Aviação (QAV) e remoção do mesmo sobre venda de passagens aéreas; desoneração da folha de pagamento, preservando empregos; redução das tarifas do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e Infraero, além da suspensão temporária de pagamentos; restabelecimento da alíquota do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) sobre leasing de aeronaves, motores e peças de 0%; suspensão de PIS/Cofins/Cide em pagamentos feitos no exterior; e linha de crédito para capital de giro, a exemplo do que já ocorre na China, Cingapura e Colômbia.

“É importante destacar, no entanto, que cada empresa associada está reagindo da forma que entende ser a mais correta para atender os passageiros da melhor forma”, disse, em nota.

Reduções

Afetadas pela pandemia, com o fechamento de fronteiras em todo mundo, as aéreas estão reduzindo operações e cancelando voos. O Grupo Latam anunciou ontem que todas as subsidiárias reduzirão as operações em 70%. Já a Gol reduzirá sua capacidade total de 60% a 70% até meados de junho. A Azul também está realizando ajustes. Todas enfrentam dificuldades por conta da disseminação do agente infeccioso e a consequente queda na demanda por passagens aéreas. Não à toa, ontem, os papéis das áreas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo foram os que mais caíram: da Azul, -36,87%, e da Gol, -28,02%.

A Azul cancelou todos os voos internacionais, exceto os que partem de Campinas. Para o mercado doméstico, haverá alterações para equilibrar a demanda e a oferta, com suspensão de operações em 11 cidades. Para Bariloche, na Argentina, a interrupção vale entre 21 de março e 30 de junho e, para as cidades brasileiras de Lages, Pato Branco, Toledo, Ponta Grossa, Guarapuava, Araxá, Valença, Feira de Santana, Paulo Afonso e Parnaíba, de 23 de março a 30 de junho.

A capacidade consolidada da Azul será reduzida de 20% a 25% no mês de março, e de 35% a 50% em abril e meses seguintes, até que a situação se normalize. Em fato relevante, o CEO da Azul, John Rodgerson, disse que a empresa continua focada “no ajuste da capacidade de acordo com a variação na demanda e na preservação da posição de caixa durante esse período”. A companhia ressaltou que trabalha na reacomodação dos clientes afetados pelas alterações.

A Latam também vai flexibilizar trocas de voos. “Todos os clientes com voos internacionais e domésticos afetados, e com partidas programadas a partir de hoje, podem reprogramar seus bilhetes até 31 de dezembro, sem nenhum custo adicional”, informou. A companhia reduzirá voos internacionais em 90% e 40% nas operações domésticas. “Tomamos essa decisão complexa devido à impossibilidade de voar para grande parte de nossos destinos devido ao fechamento de fronteiras. Se as restrições de viagens sem precedentes forem estendidas nos próximos dias, não descartamos sermos forçados a reduzir ainda mais nossas operações”, disse Roberto Alvo, atual vice-presidente de negócios e próximo CEO.

Oferta

A Gol anunciou que vai diminuir entre 60% e 70% da oferta, sendo redução de 50% a 60% no mercado doméstico e de 90% a 95% no internacional. “Nas últimas semanas, a Covid-19 se tornou uma prioridade para governos e empresas em todo o mundo. Diante disso, estamos trabalhando muito para apoiar as pessoas, as comunidades e os negócios que dependem de nós como líderes de responsabilidade, clareza e compromisso”, disse o presidente da companhia, Paulo Kakinoff.

A Gol disse monitorar as buscas por passagens e tendências de vendas. “Em fevereiro, a companhia observou um efeito muito pequeno com o avanço da Covid-19, e não foi preciso ajustar o seu nível de serviço aos clientes. No entanto, nesses últimos dias, houve um declínio mais significativo na demanda em todo o mercado de viagens aéreas no Brasil.”

A empresa preferiu fazer uma adequação em sua malha aérea, sem interrupção de serviço para qualquer destino doméstico. “Ajustar nossos voos para refletir a mudança na demanda dos clientes é sensato e consistente com o posicionamento de líder de mercado”, afirmou Eduardo Bernardes, vice-presidente de Vendas e Marketing da Gol. “Para os impactados, tomaremos o cuidado para que haja alternativas flexíveis e convenientes”, completou.

A Abear salientou que os aviões estão equipados para garantir a segurança dos passageiros contra a infecção. “As aeronaves renovam 99,9% do ar que circula a bordo, contribuindo para que a Covid-19 não se propague. As equipes de atendimento também estão preparadas para atender os viajantes neste cenário”, informou.

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