Economia

Dólar a R$ 5 em dia do 5º circuit breaker

Correio Braziliense
postado em 17/03/2020 04:17

O dólar voltou ontem a ultrapassar os R$ 5, em mais um dia nervoso nos mercados globais. A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) acionou o circuit breaker pela quinta vez, desde o início da semana passada, mas o Ibovespa, principal índice de lucratividade da B3, despencou mesmo assim e fechou com queda de 13,92%, aos 71.168 pontos. O dólar bateu R$ 5,05, com alta de 5,08%, e não deve voltar ao patamar dos R$ 4,80, segundo o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.

A explicação, segundo ele, é o reflexo das medidas tomadas nos Estados Unidos. Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), decidiu reduzir os juros, cortando 100 pontos. Ou seja, os juros básicos dos EUA estão em uma banda entre zero e 0,25%. “No domingo, o Fed injetou US$ 700 bilhões e tirou compulsório para sobrar dinheiro”, afirmou Galhardo.

O que preocupa, mais do que o que veio do exterior, segundo o analista, é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem reunião para decidir sobre os juros. “Está todo mundo falando que vai cair a Selic. Na minha opinião, deveria manter, porque o dólar está subindo e o juros futuros também”, disse. Para Galhardo, o patamar agora será entre R$ 5 e R$ 5,50.

“O mercado já está praticando esse novo patamar. Hoje (ontem), foi a R$ 5,05. Talvez o mercado esteja precisando mais de swap, operação de venda de dólar futuro, do que operações de venda à vista, para conter a perda de fundas, na bolsa e de aplicações. O mercado quer uma entrada mais parruda do Banco Central”, sustentou o gerente de câmbio da Treviso, para quem há muito consumo de hedge (proteção cambial) pelo mercado, o que tira o equilíbrio dos bancos.

Para Ciro Almeida, economista e sócio da G2W Investimentos, os EUA surpreenderam no domingo e o mercado já esperava o impacto ontem. “Ao antecipar a redução dos juros, parece que o Fed sabe alguma coisa que os outros bancos centrais não sabem. Isso gera pânico. Hoje (ontem), o presidente Donald Trump ainda anunciou que os Estados Unidos podem entrar em recessão”, disse. Para Almeida, a expectativa, para 50% das instituições, é de que o Copom tire mais 0,25 ponto da Selic, hoje em 4,25% ao ano. “Mas há quem aposte em corte de 0,50 ponto”, alertou Almeida.

Segundo ele, a cada dia há notícias seguidas. “É uma colcha de vários fatos que vai sendo montada ao longo do dia. Houve uma parada e eu esperava pela segunda, que não veio”, assinalou.

No entender de Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, o mercado repercutiu a nova rodada de estímulos monetários dos EUA. “Foi a quinta vez que houve um circuit breaker na nossa bolsa. Isso nunca aconteceu em um mês”, disse.

As companhias de capital aberto perderam R$ 423,5 bilhões de valor de mercado ontem e acumulam perdas de R$ 1,59 trilhão no ano, segundo a empresa de informações financeiras Economatica.

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