Economia

Setor de transportes poderá entrar em colapso no Brasil, alerta Anatrip

Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros pede apoio dos governos estadual e federal para não parar em 90 dias por falta de demanda

Correio Braziliense
postado em 17/03/2020 15:06
Serviço público de transporte coletivo rodoviário de passageiros poderá entrar em colapso em um prazo de até 90 dias, diz AnatripDepois que as companhias aéreas pediram socorro, agora é a vez do setor de transporte rodoviário alertar para um possível colapso com queda na demanda. A Associação Nacional das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros (Anatrip) informou que, sem apoio do governo federal e dos governos estaduais, o serviço público de transporte coletivo rodoviário de passageiros poderá entrar em colapso, em um prazo de até 90 dias. Por conta da pandemia do coronavírus, a redução na demanda de passageiros é estimada em 60%.

“O colapso das transportadoras afetará 80 milhões de usuários de baixa renda que não têm alternativa para se locomoverem. Diferentemente da atenção dada pelo governo às companhias de transporte aéreo, o nosso setor não recebeu qualquer consideração, apesar de toda a sociedade e o governo em particular, conhecerem o desfavorecimento econômico e a dependência dos usuários dos serviços que prestamos, que não têm outra opção de locomoção até para se tratarem da doença, como, ao contrário, é o caso dos passageiros das companhias aéreas”, alegou a associação, em nota.

Para a preservação das empresas e garantia da continuidade dos serviços, a Anatrip propõe a suspensão por seis meses da cobrança de PIS/Cofins e da  Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) incidente nos combustíveis, no âmbito federal, e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), tanto o que incide sobre o óleo diesel como o que é cobrado dos passageiros, no âmbito estadual. A entidade também pede a desoneração da folha de pagamento, a fim de preservar empregos. “A proposta vai na mesma linha do que está sendo feito para o setor aéreo”, justificou.

A Anatrip calculou que, caso as transportadoras não resistam à crise, “100 mil empregos diretos e 400 mil indiretos estarão em jogo, pois a experiência desses primeiros dias, desde que a proliferação dos casos aumentou no país, já indica uma retração de 60% na demanda de passageiros”. A associação ressaltou, ainda, que as medidas para reduzir as perdas financeiras das empresas devem ser estendidas às empresas de transporte rodoviário interestadual.

Cargas

A NTC&Logística, associação que reúne transportadoras de cargas, tomou medidas internas para evitar a disseminação do vírus. Reuniões e eventos estão suspensos e os associados foram orientados a seguir as orientações de especialistas, preservando suas famílias, seus colaboradores e seus clientes.

“Em um momento de crise como este, o transporte de cargas se torna ainda mais importante para o abastecimento das cadeias de suprimento. Precisamos dar continuidade às nossas atividades, mas, de forma segura e responsável. Não podemos permitir que aconteça o desabastecimento, principalmente de alimentos e medicamentos. É nossa responsabilidade social continuar operando da melhor maneira possível”, anunciou, em nota. 

A sugestão da NTC é que as atividades das empresas de transportes prossigam, mas que sejam evitadas aglomerações no interior dos estabelecimentos e adotadas as boas práticas de higiene e distâncias entre si, além das demais regras orientadas pelas autoridades de saúde. 

A sugestão da NTC é que as atividades das empresas de transportes prossigam, mas que sejam evitadas aglomerações

“Essas medidas poderão manter o transporte rodoviário de cargas em funcionamento, tendo em vista que quase 6% de todas as pessoas empregadas no mundo inteiro trabalham no setor, principalmente em pequenas e médias empresas que, devido ao seu tamanho, não conseguem lidar facilmente com choques externos, como os impactos econômicos trazidos com Covid-19”, acrescentou. 

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