Correio Braziliense
postado em 19/03/2020 18:30
O mercado apresentou um alívio com um noticiário um pouco melhor reagindo às medidas governamentais para conter a pandemia do novo coronavírus. Depois do tombo de 10,35% na véspera, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), recuperou perdas e registrou alta de 2,15%, a 68.331 pontos. O dólar, que havia renovado máxima nominal histórica no pregão anterior, apresentou recuo de 1,79%, cotado a R$ 4,10. A descompressão se deu com o anúncio de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) irá emprestar dólares para aliviar a tensão nos mercados.Foi anunciado um programa temporário de empréstimo de dólares a bancos centrais de nove países, incluindo o Brasil, em mais uma tentativa de aliviar o estresse nos mercados financeiros causado pela disseminação global do novo coronavírus. Os dispositivos anunciados vão fornecer, individualmente, empréstimos no valor de até US$ 60 bilhões para os BCs do Brasil, Austrália, Coreia do Sul, México, Cingapura e Suécia, e outros US$ 30 bilhões, também individualmente, para os BCs da Dinamarca, Noruega e Nova Zelândia. Os novos swaps permanecerão em vigor por pelo menos seis meses, segundo o comunicado.
O analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, ressaltou o alívio gerado pela medida americana.“Isso ajudou a gente, a movimentação dos maiores bancos centrais também se juntaram, o que deu uma força e mais uma garantia de liquidez. Sabemos que esse mecanismo também foi disponível na crise de 2008 e acabou não sendo usado. Hoje o nosso nível de reservas é muito forte e pode ser que também não precise utilizar, mas o fato de ter disponível acalma mercado e traz mais uma segurança e liquidez de todo o sistema financeiro”, avaliou.
Os mercados reagem também às medidas anunciadas pelos bancos centrais mundiais para conter os impactos econômicos da pandemia. O Bank of England (banco central da Inglaterra) cortou os juros em 15 pontos-base para 0,1% ao ano. A autoridade monetária também elevou sua compra de títulos da dívida britânica em 200 bilhões de libras, para 645 bilhões de libras. Na noite da véspera, o Banco Central Europeu (BCE) lançou um pacote de 750 bilhões de euros para prover liquidez aos mercados. O presidente da autoridade monetária, Christine Lagarde, que era contrário a injeção dinheiro nos mercados afirmou: “Tempos extraordinários pedem medidas extraordinárias”.
Já no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a taxa de juros básica Selic em 0,5 ponto percentual para 3,75% ao ano. Os integrantes do comitê falaram em cautela e disseram que neste momento o Banco Central vê como adequada a manutenção da taxa Selic em seu novo patamar. Com a decisão, a taxa básica de juros está em seu menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986.
O analista da Ativa Investimentos lembrou o temor de que o corte na taxa de juros abrisse espaço para que o real se depreciasse ainda mais perante ao dólar. “Essa assimetria entre a gravidade do momento e o que foi passado pela ata do Copom trouxe maior dúvida. Mas esse corte de meio ponto já estava precificado e hoje o que repercutiu mais foram as medidas de maior segurança e liquidez trazidas a tona pelos bancos centrais mundiais”, disse Arbetman.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.