Economia

Em 15 dias, perda de R$ 2 bi

Fechamento de fronteiras, cancelamento de voos e suspensão de eventos impõem pesadas perdas ao setor de turismo, segundo a CNC. Receitas das empresas do segmento encolheram 16,7% na primeira quinzena de março em relação ao mesmo período do ano passado

Correio Braziliense
postado em 20/03/2020 04:04
Duramente afetados pela crise, segmentos como o de aviação pedem socorro

O setor de turismo é um dos mais afetados pela pandemia de coronavírus. No Brasil, as receitas do segmento encolheram 16,7% na primeira quinzena de março em relação a igual período de 2018. As perdas somam R$ 2,2 bilhões em apenas 15 dias. Os dados foram divulgados, ontem, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O setor está sendo duramente impactado porque os protocolos de ação contra a disseminação da Covid-19 implicam fechamento de fronteiras e cancelamentos de voos.

Para o economista da CVC Fabio Bentes, o prejuízo total no Brasil dependerá da curva de contaminação, cujo pico de notificações deverá ocorrer na segunda quinzena de abril. O estudo da CNC cruzou informações do Índice de Atividade do Turismo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com dados relativos ao fluxo de passageiros em voos domésticos e internacionais, levando em conta a elasticidade entre a demanda por voos nos países mais infectados pela doença e o número de casos registrados.

“As restrições impostas pelo protocolo de ação em nível global para frear o ritmo de expansão do vírus e o fechamento das fronteiras a estrangeiros em diversos países atingiram em cheio o deslocamento de passageiros no Brasil e no mundo. Isso tende a impor severas perdas ao turismo”, informa o estudo. “No Brasil, não há razão para se esperar comportamento diferente por parte dos passageiros.”

Nas regiões mais afetadas pela disseminação de novos casos, a queda no nível de atividade do transporte aéreo foi significativa. Para cada aumento diário de 10% no número de novos casos, houve retração de 3,5% no fluxo de passageiros em relação ao dia anterior. “O setor de turismo vinha liderando o processo de recuperação econômica desde o fim da recessão iniciada em 2015. Não fosse a pandemia, seguramente, voltaríamos ao nível pré-recessão até o final do ano, cenário agora descartado”, observou Bentes.

Carta aberta
Diante do quadro adverso, o trade turístico brasileiro se uniu para enviar uma carta aberta emergencial ao governo. A Resorts Brasil, aliada a diversas instituições ligadas ao setor, pede socorro para que as atividades não sejam paralisadas, com impacto nos 1,35 milhão de empregos diretos e indiretos gerados na cadeia. “Hoje, o turismo movimenta 152 setores da economia”, justifica o documento.

Na carta, as entidades do trade turístico alertam que não suportarão o impacto financeiro, caso não haja uma intervenção do governo federal para garantir a continuidade das empresas e a manutenção dos empregos de seus colaboradores. “Os índices de cancelamento de eventos, de hospedagens corporativas e de lazer estão na ordem de 75% a 100%. A situação é caótica e, em um espaço curtíssimo de tempo, o setor de turismo estará irremediavelmente comprometido, sob pena de suprimir da economia R$ 31,3 bilhões e 400 mil postos de trabalho.”

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