Correio Braziliense
postado em 21/03/2020 04:33
A vacina contra o coronavírus vai demorar? O processo de desenvolver, testar e aprovar uma vacina leva de um a dois anos. Existem várias fases clínicas que precisam ser seguidas, com muitos testes. É preciso ver se a vacina é efetiva e segura. Em tempos de pandemia e fake news nas correntes de WhatsApp, informação confiável nunca é demais. Com a ajuda de especialistas, o Correio esclarece, a seguir, dúvidas frequentes sobre o novo coronavírus (Covid-19).
Crianças estão no grupo de risco?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que foi registrada uma morte de criança, mas isso não significa que elas estejam no grupo de risco. Estão no grupo de riscos idosos (acima dos 60 anos) e pessoas com comorbidades (diabetes, pressão alta, doenças respiratórias etc). Até o momento, estudos mostram que o risco de agravamento para as crianças é menor. A OMS afirma que a doença em criança parece ser relativamente rara, sendo 2,4% do total de casos reportados em pacientes abaixo dos 19 anos. A população é universalmente suscetível ao vírus, por ser totalmente novo para o ser humano, mas o risco de mortalidade varia conforme a idade – quando mais novo, menor o risco.
Após infectado, quantos dias para perceber os sintomas?
No geral, os sintomas respiratórios e febre começam a surgir de cinco a seis dias depois da infecção, mas este prazo pode chegar a 14 dias. O tempo de recuperação de pessoas com sintomas leves ou medianos é de duas semanas, enquanto os casos mais severos varia de três a seis semanas.
O vírus sobrevive quanto tempo fora do corpo?
Depende da carga viral, da temperatura do local, incidência de sol, umidade e superfície. Quanto mais quente, menos tempo ele permanece infectante fora do corpo. Já a alta umidade é favorável ao vírus. De forma geral, existem experiências com alguns tipos de coronavírus que conseguem permanecer infectantes por até nove dias. Um artigo publicado na revista The New England Journal of Medicine este ano aponta que no caso do novo coronavírus, ele pode continuar vivo, por exemplo, por até quatro horas em superfície de cobre, 24 horas em papelão e de dois a três dias em superfícies de plástico ou aço inoxidável.
Quarentena: necessário ou paranoia?
A maior preocupação hoje é com o sistema de saúde, para evitar que aconteça o que aconteceu na Itália, quando a superlotação inviabilizou o atendimento de algumas pessoas. Por isso, a intenção é “achatar” a curva de crescimento da transmissão do vírus, espaçando os casos em mais tempo. Desta forma, o sistema de Saúde brasileiro conseguirá absorver melhor. Por isso tem se falado para que as pessoas fiquem em casa; que seja feita o distanciamento social; que sejam evitados locais com grande aglomeração, como festas de aniversário ou shows. Se você está dentro do grupo de risco, é ainda mais essencial que você se isole, para reduzir as chances de ser infectado. Mas quem não está, o isolamento é justamente para diminuir o número de pessoas infectadas.
Existe tratamento?
Não. Hoje os médicos tratam os sintomas, e não a doença. É um tratamento de suporte, com, por exemplo, soro e ventilação mecânica (nos casos mais graves). A ideia é manter o paciente vivo até que ele consiga produzir anticorpos que combatam o vírus para que se cure sozinho.
Álcool em gel é necessário?
Água e sabão é suficientemente eficaz. A questão do álcool em gel é pela praticidade.
Se eu não tiver álcool em gel, posso usar álcool comum?
Para a eliminação do vírus, não faz diferença se o álcool é em gel ou líquido. O importante é: o único tipo de álcool eficaz é o álcool 70% (significa 70 parte de álcool e 30, de água). Existem experimentos que mostram que o álcool 60% não é eficaz na eliminação do vírus.
E máscara? Uso ou não?
Existem dois tipos de máscara: a cirúrgica (branca comum) e a N95. Esta última protege contra o vírus, porque as partículas não conseguem entrar pela máscara. Já a cirúrgica não dá esse tipo de proteção. Por isso, o uso só se justifica para quem está infectado. Se alguém doente tosse ou espirra, mas está com a máscara, reduz a emissão de partículas no ambiente.
Fontes: Fernando Bellissimo Rodrigues, infectologista e professor do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP/ Jamal Suleiman, infectologista do Instituto Emílio Ribas/ Luiz Gustavo Bentim Góes, virologista especialista em coronavírus, pesquisador da Plataforma Científica Pasteur-USP/ Organização Mundial da Saúde (OMS)
Serviço
Quem tiver mais dúvidas, pode baixar o “Coronavírus – SUS”, novo aplicativo do Ministério da Saúde. Ele é gratuito e disponível para os sistemas Android e iPhone (iOS). Além de esclarecer questões sobre a doença, os sintomas e conferir o que é verdade e o que é fake news, os usuários podem consultar os endereços da unidades de saúde próximas. Caso não tenha acesso fácil a esse recurso, o cidadão pode ligar para o 136, em que profissionais prestam esclarecimentos.
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