Correio Braziliense
postado em 21/03/2020 04:33
O governo anunciou medidas para manter em operação os modais de logística e transporte para garantir o abastecimento de produtos essenciais à população. Ontem, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse que serão publicados um decreto para os portos e outro para a operação do transporte rodoviário. Também reforçou que os aeroportos não serão fechados. “São medidas para garantir a provisão da logística, preservando a saúde dos trabalhadores”, explicou.
O especialista em infraestrutura Daniel Bogéa, sócio do Piquet, Magaldi e Guedes Advogados, destacou que o governo está se antecipando aos problemas. “O desafio é deixar a infraestrutura funcionar em níveis minimamente aceitáveis. Isso passa por manter aeroportos, portos e rodovias operando”, ressaltou. “Em Santos, alguns sindicalistas estavam pedindo o fechamento do terminal, que é o maior do país. Isso geraria o caos”, ressaltou.
Em nota, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) garantiu que “portos públicos, privados e demais instalações portuárias, assim como as atividades de transporte aquaviário interestadual e internacional”, estão mantidas. O Centro Nacional de Navegação Transatlântica, que reúne as 19 maiores empresas de navegação de longo curso atuantes no Brasil, esclareceu que, até o momento, não há impacto em suas operações nos principais portos brasileiros.
No entender de Leonardo Marques, especialista em varejo e rede de suprimentos do Coppead/UFRJ, se houver problema nos transportes, pode faltar produto perecível. No entanto, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, afirmou que o país não tem risco de desabastecimento.
Os representantes de associações ligadas ao setor formaram um comitê de crise e conversam diariamente, por videoconferência. O objetivo, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), é avaliar eventual falta de produtos para reduzir a chance de haver problemas maiores.
O único item que falta nas prateleiras dos supermercados, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), é álcool em gel. O resto, se não estiver disponível, é pelo aumento da procura, mas não por falta de capacidade de reposição. Para a especialista em direito comercial, Adriana Pugliesi, só haverá risco se as pessoas entrarem em pânico e começarem a estocar produtos desnecessariamente.
No caso de combustíveis, Abel Leitão, vice-presidente da Brasilcom, associação que reúne as distribuidoras, assinalou que não há problema de abastecimento. “A demanda caiu bastante, tem muito estoque de produto. Não tem sido reportado nenhum problema”, reforçou. O setor de cargas também garantiu a continuidade das operações, segundo a NTC&Logística, associação das transportadoras. “Em um momento de crise, o transporte de cargas se torna ainda mais importante para o abastecimento das cadeias de suprimento. Precisamos dar continuidade às nossas atividades”, destacou.
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