Assim como os ricos foram infectados em viagens ao exterior, os pobres que trabalham para essas pessoas privilegiadas, porém contaminadas, correm ainda mais riscos. Vivendo na vulnerável Cidade Estrutural, uma das regiões mais pobres do Distrito Federal, Tânia França, 32 anos, e Socorro dos Santos, 61, temem pelo pior. Já há boatos de que uma pessoa estaria com suspeita de Covid-19 na comunidade.
“Ontem, eu ouvi dizer que a empregada de uma mulher internada em estado grave, mora por aqui na Estrutural, na parte leste. Não sabemos se ela foi isolada ou não”, comenta Tânia, desempregada, mãe de três filhos e moradora do bairro Santa Luzia, na Estrutural. “Sei que tenho que lavar as mãos e comprar um álcool em gel, mas o produto ou está em falta ou é muito caro”, lamenta.
Ela procurou os equipamentos de higienização mais eficientes para combater a contaminação da Covid-19, mas desistiu. “Quando fui comprar o álcool em gel 70%, o mais barato custava R$ 17. Porém, entre um frango e um álcool em gel, escolhi o frango para alimentar a família”, conta. Ela revela, ainda, que um dos seus filhos apareceu gripado.
Como não conseguiu isolar os filhos uns dos outros, agora todos apresentam sintomas de gripe. “Levei os menores com dores, febre e vomitando aqui na cidade, mas não consegui ser atendida. Fui no Guará e também não consegui. Só consegui em Goiás, mas a médica se negou a fazer exame para não ter que gastar materiais”, diz.
Socorro, doméstica e também moradora da Estrutural, tem oito netos que moram com ela em um espaço pequeno. “Sem condições para comprar álcool em gel, ela não está preocupada em pegar o vírus. “Eu acredito muito em Deus. Temos que ter fé nele e acreditar que estamos salvos”, afirma. No entanto, Socorro está agindo de forma errada, sobretudo, aos 61 anos, sendo parte do grupo de risco. Os especialistas explicam que ninguém está imune ao coronavírus e todos precisam se cuidar para evitar uma disseminação generalizada da doença. (AP, IM e JS)
*Estagiários sob supervisão
de Simone Kafruni
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