Economia

Bolsas fecham em baixa; dólar vai a R$ 5,13

Correio Braziliense
postado em 24/03/2020 04:04
Rua da Bolsa de NY quase deserta. Pregão, ontem, foi realizado de forma remota pela 1ª vez em 228 anos

Em meio ao anúncio de medidas para enfrentar os efeitos econômicos negativos da pandemia do coronavírus, e a profunda aversão ao risco global, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), voltou ao seu menor patamar desde julho de 2017. O índice terminou o dia de ontem com queda de 5,22%, a 63.569 pontos, com volume financeiro negociado de R$ 24,6 bilhões. Enquanto isso, sem a atuação do Banco Central com leilões de swap cambial, o dólar comercial voltou a registrar alta de 2,21%, cotado a R$ 5,13. Na Europa, a Bolsa de Valores de Paris apresentou queda de 3,32%; já a de Londres recuou 3,79%. Nos Estados Unidos, o Dow Jones encerrou com descida de 3,04% e o S&P 500 teve perdas de 2,93%.

Os índices amarguraram queda depois que, mais uma vez, o Congresso americano não chegou a um acordo sobre o pacote de socorro de US$ 2 trilhões para enfrentar os efeitos econômicos do coronavírus. Por outro lado, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mostrou comprometimento em realizar compras de ativos sem limites para ajudar os investidores a enfrentarem a crise –– uma das medidas será um programa de US$ 300 bilhões de apoio ao fluxo de crédito.

Para o gestor de investimentos da ParMais, Alexandre Amorim, o mercado vive um momento de irracionalidade. “Mesmo sem esse consenso, o BC continua com medidas injetando mais fluxo e, uma hora ou outra, isso acaba saindo e os ponteiros vão se ajustar.  Tivemos também o Trump falando no twitter sobre a injeção financeira, que o remédio não pode ser maior que a doença. É um momento bem complicado e o mercado está respondendo mais ao fluxo e à volatilidade de pessoas comprando e vendendo, do que às notícias propriamente”, avaliou.

No Brasil, o BC anunciou a redução da alíquota do compulsório sobre recursos a prazo, de 25% para 17%. Segundo o comunicado, a medida temporária tem como objetivo aumentar a liquidez do Sistema Financeiro Nacional. Também foi divulgada a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual a taxa básica de juros foi cortada em 0,5 ponto percentual. O documento apontou que a autoridade monetária vê como adequada a manutenção da Selic no novo patamar, de 3,75% ao ano. Contudo, destacou que o ambiente para os emergentes tornou-se desafiador, que o coronavírus provoca desaceleração significativa do crescimento global e que o BC continuará fazendo uso de todo o arsenal de que dispõe.

No último domingo, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) havia suspendido o pagamento de dívidas das empresas por seis meses, e anunciou que tornaria disponíveis R$ 55 bilhões para as companhias. O dinheiro será direcionado a 150 mil empresas, que têm 2 milhões de funcionários, segundo a instituição. Do montante, R$ 5 bilhões serão destinados somente para micros, pequenas e médias empresas. Com o comércio quase totalmente fechado e os serviços reduzidos por causa da pandemia, empresários também pediram um “Plano Marshall” para evitar o colapso da economia brasileira.

“Nos próximos dias, continuaremos vendo uma série de anúncios que mostram reação dos governos ao coronavírus. Mas não podemos esquecer que notícias sobre proliferação do agente infeccioso continuarão dando o tom, bem como outros fatores bem preocupantes, como os impactos na economia e onda de desemprego. O mercado já precificou muita coisa ruim e, agora, começa a precificar qual o impacto econômico gerado por um lock down tão grande. Devemos ter volatilidade grande nos próximos dias assim como tivemos nas semanas anteriores”, destacou o analista de ações da Rico Investimentos, Thiago Salomão.

Pela primeira vez em 228 anos, a Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) operou de maneira remota e totalmente eletrônica. Tal modalidade de funcionamento nunca havia acontecido sem um grupo de traders, como âncora da maior plataforma de negociação dos EUA em participação de mercado. Um terço da população americana está sob quarentena, por ordem de governadores de estados ou prefeitos, por conta da pandemia. A transição para a plataforma eletrônica de troca representa mais de 20% do volume médio total do mercado.

* Estagiária sob supervisão de Fabio Grecchi




Dinheiro que salvou a Europa
O Plano Marshall –– cujo nome oficial é Programa de Recuperação Europeia –– foi o principal plano dos Estados Unidos, para a reconstrução dos países aliados da Europa nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial. A iniciativa recebeu o nome do secretário de Estado dos Estados Unidos, general George Marshall. Os americanos deram ajuda econômica ao continente, no valor de cerca de US$ 14 bilhões (equivalente a cerca de R$ 115 bilhões de dólares em 2020, ajustado pela inflação), entregues para ajudar na recuperação dos países europeus que se juntaram à Organização Europeia para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. O Plano Marshall durou quatro anos, a partir de 3 de abril de 1948. O maior beneficiário da ajuda dos EUA foi o Reino Unido (recebeu cerca de 26% do total), seguido da França (18%) e da então Alemanha Ocidental (11%).


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