Economia

Imagem de Guedes desgastada

Correio Braziliense
postado em 25/03/2020 04:35
O Ministério da Economia foi o epicentro da confusão gerada com a Medida Provisória 927 e o ministro Paulo Guedes saiu com a imagem arranhada pelas trapalhadas. No mercado, o apoio ao superministro do presidente Jair Bolsonaro está diminuindo, e nomes como o do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, do secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, e do presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães são citados como possíveis substitutos.

Guedes e sua equipe têm sido criticados também por tentar reinventar a roda em termos econômicos. O chefe da Secretaria de Política Econômica (SPE), Adolfo Sachsida, é um dos principais alvos. Ontem, em uma apresentação para investidores de um grande banco nacional, a avaliação de um dos ouvintes foi que a fala de Sachsida foi “fraca e frustrante”.

Nos bastidores, interlocutores do ministro contam que Guedes, constantemente, ameaça deixar o governo. Ontem, teria dito ao presidente que, se saísse, a equipe toda iria junto, inclusive, o presidente do BC. A conversa levou Bolsonaro a se manifestar nas redes sociais portando uma foto antiga com o ministro. “Mais que um posto Ipiranga, um amigo, um irmão para as horas difíceis”, escreveu o chefe do Executivo.

O ministro prefere morar em um flat em Brasília e manter residência fixa no Rio de Janeiro, para onde vai todos os fins de semana. Por conta disso, a saída do superministro é uma “dúvida permanente”, segundo analistas.   

Em uma eventual saída de Guedes, uma torcida maior para substituí-lo é por Mansueto, considerado mais equilibrado para lidar com o Congresso. Contudo, Guimarães, da Caixa, é mais próximo de Bolsonaro do que Mansueto e Campos Neto.

“Depois da MP 927, a credibilidade de Guedes foi ao chão”, pontuou um economista que acompanha o Brasil do exterior. “O ministro tem errado muito, e já está na hora de ele sair”, afirmou outro economista do mercado financeiro.

A confusão recente aumentou o isolamento de Guedes no governo, que não veio a Brasília nesta semana, alegando que está no grupo de risco da pandemia do coronavírus. “Esse ruído da saída de Guedes existe há algum tempo, porque todo mundo nota que o ambiente político não acompanha a velocidade que a área econômica gostaria. Mas é difícil imaginar que sairia agora, nesse momento de crise”, afirmou o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani.

Todos admitem que, se Guedes deixasse o governo, a confusão seria grande no mercado. “Seria um baque, porque é, talvez, o principal nome do governo”, avaliou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. (RH e MB)





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