Economia

Coronavírus: demanda geral por cargas cai 26,14% desde o início da pandemia

Levantamento da NTC, associação que reúne 10 mil transportadoras do país, aponta que recuo na demanda das lojas é de mais de 40% e queda do setor de embalagens é de 55%

Correio Braziliense
postado em 25/03/2020 13:25
Levantamento da NTC, associação que reúne 10 mil transportadoras do país, aponta que recuo na demanda das lojas é de mais de 40% e queda do setor de embalagens é de 55%Em meio ao isolamento social e fechamento de várias atividades econômicas, a demanda por carga vem caindo drasticamente. Segundo pesquisa da NTC&Logística, associação que reúne 10 mil transportadoras, a queda geral chega a 26,14% desde o início da pandemia de coronavírus. Nas cargas fracionadas, o recuo é de 29,81%, enquanto nas cargas de lotação total a redução é de 22,91%. 

Lauro Valdivia, assessor técnico da NTC&Logística, explicou que a pesquisa foi realizada na segunda e na terça-feira, com 695 associados. “A ideia é fazer semanalmente, porque os resultados estão mudando muito rapidamente. Na segunda-feira, a queda geral estava em 19%, na terça aumentou para 23%. E fechamos em 26%. Vai subir mais, na medida em que formos recebendo os questionários”, alertou.

De acordo com o levantamento, na carga fracionada o setor de lojas foi o que mais reduziu os pedidos, com recuo de 40,74%. O setor de embalagens teve a maior redução no segmento de carga completa, de 55,36%. Esse número mostra que mais queda vem por aí, uma vez que embalagem é um indicador antecedente. Se cai a procura por embalagem é porque, em seguida, a demanda geral deve cair. 
 
Levantamento da NTC, associação que reúne 10 mil transportadoras do país, aponta que recuo na demanda das lojas é de mais de 40% e queda do setor de embalagens é de 55%“A gente espera noticiar a volta da carga e não só o sumiço dela. Mas tende a piorar bastante porque São Paulo entrou em quarentena esta semana. Falei com dois grandes empresários do setor e, de ontem para hoje, a queda é de 50%”, detalhou. Segundo Valdivia, como o volume de cargas está caindo, o faturamento também recua na mesma proporção. Pior do que isso: os clientes não estão pagando os vencimentos, revelou.

“Isso vai reduzir ainda mais o fôlego das transportadoras, porque as petroleiras não propuseram aumento do prazo. Tem que pagar pelo combustível à vista ou no máximo em três dias. Uma ou outra companhia da sete dias, mas é excepcional. Pagando combustível e mão de obra sem receber, o fôlego vai acabar logo”, alertou.

Indicador antecedente

O presidente da NTC&Logística, Francisco Pelucio, ressaltou que a média da variação geral é de de queda 26,14%, mas há setores que continuam sendo abastecidos. “Não houve recuo na entrega de medicamentos. As farmácias estão sendo atendidas”, destacou. Contudo, a redução na demanda por embalagens, de mais de 55%, preocupa o dirigente. “Isso indica que a produção parou. Que as coisas não estão sendo produzidas e embaladas”, destacou, lembrando que o setor é um indicador antecedente.

Segundo Pelucio, algumas medidas do Ministério dos Transportes são positivas, como a prorrogação do registro nacional e a liberação das balanças nas pesagens. “No entanto, precisamos de apoio nas estradas. Os restaurantes estão fechados. Para que o setor de cargas possa continuar abastecendo o Brasil precisamos que os motoristas tenham uma rede de suporte, com restaurantes, borracharias, para que chegue ao seu destino”, assinalou.

O empresário defendeu a postura do presidente Jair Bolsonaro, de que é preciso fazer a economia voltar a andar. “Vamos deixar os velhos em casa, mas os jovens precisam voltar ao trabalho para que o país tenha uma retomada”, sustentou.

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